Urnas e títulos
Em abril, na Luz falava-se com muita cautela na abordagem ao mercado. E o Benfica acabou esta janela de transferências como sexto (!) clube que mais gastou no reforço da equipa na Europa. Foram quase 100 M€, o maior investimento da história e o plano de contenção foi contrariado. Afinal, enquanto o plano era limado, ainda o Benfica não tinha visto o campeonato fugir para o FC Porto.
A ter de correr atrás do prejuízo, Vieira atravessou-se. Em ano de eleições, assumiu que é na hora do aperto financeiro que se fazem os melhores investimentos. É um facto que a maioria dos jogadores contratados são internacionais e alguns deles pouco ou nada têm a provar.
Seria preciso fazer o maior investimento da história para ganhar tudo em Portugal ou até para fazer boa figura nas provas europeias? Também está provado que não, pois com muito menos o Benfica já o conseguiu num passado recente.
Nota ainda para as saídas. O Benfica ‘trocou’ Rúben Dias por um experiente Otamendi (32 anos), metendo ao bolso mais de 50 M€ com o objetivo de equilibrar as contas. Que o próprio Benfica desequilibrou com o tal investimento. Pelo caminho, meteu a rodar miúdos do Seixal, reconfigurando o modelo de aposta no Seixal.
Podemos dar as voltas que quisermos, mas é impossível dissociar o investimento de Vieira dos votos nas urnas. Se o Benfica tivesse sido campeão há alguns meses, será que agora a SAD gastava 100 M€? Dá pouco que pensar.