“Marítimo é projeto de um presidente”
tem corrido a experiência, ainda curta, ao serviço do Marítimo?
LV – Bem. Sempre olhei para o Marítimo como o projeto de um presidente. Para lá de ser um clube representativo da região e cada vez com maior expressão, é um dos que tem mais presenças consecutivas no primeiro escalão. E é comandado por um homem, Carlos Pereira, que está integrado na sua estrutura dirigente há 40 anos. O Marítimo tem uma história e uma responsabilidade de que se orgulha e trata com esmero, com equipas em todas as camadas jovens e um naipe de modalidades ao nível dos grandes clubes. Está a confirmar o que pensava antes de aceitar o convite.
Foi um passo em frente ?
LV – Acredito que sim. É um projeto sustentado, com uma estabilidade muito grande, que não depende do sucesso ou do insucesso. Há instituições que surgem, periodicamente, com ideias muito ambiciosas mas que se extinguem de um ano para o outro – ia mesmo dizer, de um dia para o outro… A continuidade faz a diferença no Marítimo, porque o objetivo vai muito para lá do sucesso imediato. Pretende perpetuar-se no tempo, segundo as ideias de um presidente que quer deixar obra feita para além da sua presença à frente dos destinos do clube. E essa é uma responsabilidade para todos nós, treinadores e jogadores que defendem aquele emblema.
+ Esses sentimentos contrariam em grande parte o que sucedeu no V. Setúbal…
LV – Essa opção tem muitos aspetos ‘sui generis’. Cedi ao apelo de um clube que muito me diz e me pediu ajuda num momento de extrema dificuldade. A primeira reação foi recusar, mas a insistência despertou em mim sentimentos de lealdade para com o Vitória, com a cidade e, principalmente, com aqueles jogadores.
R – De quem partiu a ideia do regresso?
LV – Dos capitães de equipa, primeiro passo para me convencerem. Fizeram a viagem até Elvas, que é a minha cidade, e pediram-me para os ajudar. A conclusão foi simples: se estivéssemos, lutássemos e sofrêssemos juntos conseguiríamos atingir o objetivo. Não lhes podia dizer que não, porque são rapazes fantásticos e estavam comprometidos com a gente de Setúbal. Por isso aceitei esse desafio perigosíssimo.
+ Do qual acabou por sair vitorioso…
LV – Saímos todos. Depois de tanto esforço, dedicação, sacrifício e sofrimento, expressando o caráter forte que nos uniu e motivou nesta missão, o Vitória acabou por cair na secretaria. Foi muito duro para todos.
“SABIA QUE UM DIA IRIA TREINAR O BELENENSES E PREPAREI-ME PARA O MOMENTO FELIZ DE VOLTAR AO CLUBE DO CORAÇÃO”
+ A esta distância, como vê a mediática rutura com a SAD do Belenenses?
LV - Se a rutura foi mediática eu não tenho culpa. Sou do Belenenses, cheguei lá com 25 anos, saí com 32 e lá joguei sete ou oito épocas. Sabia que um dia iria treinar o Belenenses e preparei-me para o momento feliz da carreira que foi voltar ao clube do coração. Sobre o divórcio não vou falar, porque nunca o fiz, nem neste nem noutro caso qualquer. Direi apenas que sinto a mágoa de não ter usufruído do trabalho que fiz num clube que me toca mais por ser aquele que considero o meu. Salvei o Belenenses de descer e deixei-o na Liga Europa. Saímos para o Arouca... que foi à Europa. Denominador comum? Sem falsas modéstias, a minha equipa técnica.
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