Record (Portugal)

Corrigindo a História

PARA PINTO DA COSTA, O APITO DOURADO NÃO É UMA “MANCHA” PORQUE TEVE UM EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E UM EX-PRESIDENTE DO SLB NO LANÇAMENTO DE UM LIVRO QUE PUBLICOU DEPOIS DE TER SAÍDO A ACUSAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. FOI, PORTANTO, ABSOLVIDO EM ‘VERNISSAG

- Leonor Pinhão Jornalista VÍTOR PINTO PAULO FUTRE

Atenção, muita atenção, por favor. Não se pode acreditar em tudo o que vem escrito nos jornais. É triste? Sim, é triste, pois é, mas é verdade. Os jornalista­s, coitados, não são aldrabões porque não têm culpa nenhuma. A culpa, na realidade, não é deles, é de quem os aldraba. Assim sendo, notem bem, são aldrabados, não são aldrabões. E que isto fique muito claro. Tome-se por exemplo concreto de toda esta tristeza o episódio, recentíssi­mo, protagoniz­ado pelo presidente do FC Porto, que foi uma noite destas cabeça de cartaz de um programa de informação de um canal televisivo. Foi inusitadam­ente cruel o modo como o presidente do FC Porto, corrigindo a História, chamou aldrabão a um jornalista de ‘O Jogo’. Na sua inocência, o jornalista escreveu a 22 de novembro do ano passado naquele diário desportivo que Fábio Silva passava “a ser detentor da maior cláusula de rescisão de sempre do futebol português: 125 milhões de euros (mais cinco do que a de João Félix)”. A parte entre os parênteses – a comparação com o valor pelo qual o Benfica vendeu certo e determinad­o jogador ao Atlético Madrid – é também da autoria, à laia de acrescento, do jornalista que informou o País sobre o fabuloso negócio em perspetiva: a futura venda de Fábio Silva, nem mais nem menos do que um recorde nacional.

Já agora, para quem não saiba quem é Fábio Silva refira-se que se trata de um jogador jovem que o FC Porto vendeu no último verão ao Wolverhamp­ton, que até é um clube inglês. A verdade sobre o valor da cláusula de rescisão de Fábio Silva, o tal, foi reposta – e já não era sem tempo – esta semana – quase 11 meses depois da aldrabice – pelo presidente do FC Porto no decorrer da referida entrevista que concedeu por meio audiovisua­l no preciso momento em que dava o exemplo do que, na sua opinião, é um “grande negócio” dos tempos que correm.

“Ele [o Fábio Silva, outra vez] tinha uma cláusula de rescisão de 10 milhões de euros…”, avançou o dirigente desportivo com todo o desportivi­smo.

Então não era de 125 milhões? – interrogar-se-á o leitor mais impaciente… Tenha calma.

“… E saiu por 40 milhões”, concluiu o presidente do FC Porto perante as câmaras de televisão sem perder tempo a contar os trocos das comissões.

De 125 para 10 milhões vai, de facto, uma grande diferença esclarecid­a por quem a podia esclarecer. Bendita ida à televisão, é caso para se dizer até porque mais adiante na conversa – ou terá sido mais atrás? – o jornalista perguntou ao presidente do FC Porto se um velho, muito famoso e já arquivado processo policial era “uma mancha” na sua carreira e obteve como resposta que não era mancha nenhuma, nem podia ser porque teve um ex-Presidente da República e um ex-presidente do SLB no lançamento de um livro que publicou dias depois de ter saído a acusação do Ministério Público. Foi, portanto, absolvido em ‘vernissage’. Embrulhem.

NÃO SE PODE ACREDITAR EM TUDO O QUE VEM

ESCRITO NOS JORNAIS. É TRISTE MAS É VERDADE

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