PASSAGEM DE TESTEMUNHO
ADMINISTRADOR DA SAD CANDIDATO A ‘VICE’ “Eu represento o presente, o Rui Costa representa o futuro”, garante Vieira, fazendo do ex-jogador o seu herdeiro no ‘trono’ da Luz
ç Luís Filipe Vieira candidata-se ao sexto mandato à frente do Benfica e já havia deixado claro que seria o último. Ontem, na apresentação da lista aos órgãos sociais para as eleições presidenciais de dia 30, o líder das águias, de 71 anos, evidenciou quem pretende que seja o sucessor. “Eu represento o presente e tu, Rui [Costa], representas o futuro”, referiu, apontando o caminho da liderança ao (ainda) administrador da SAD.
O presidente dos encarnados recordou que trabalha muito com o ex-futebolista, que pendurou as botas na Luz há 12 anos, vincando que este tem “a essência do Benfica”. “A paixão, o inconformismo, a mística de quem já sentiu no campo a responsabilidade de vestir esta camisola. Já discordámos e divergimos, porque isso é normal entre os que têm de decidir, mas sempre estivemos de acordo no essencial. Sabe o que foi feito, sabe de onde viemos e para onde vamos, sabe o que queremos e o que projetamos para o futuro do Benfica”, sublinhou Vieira perante os órgãos sociais que espera ver eleitos para o próximo mandato. Rui Costa, o homem mais saudado da noite, agradeceu a “honra e o orgulho” de poder vir a passar a vice-presidente dos encarnados. “O presidente já disse que nem sempre estivemos de acordo e prometo que continuarei a ser um grande chato”, brincou o antigo internacional português, que equipou de águia ao peito durante cinco épocas como profissional. “Sou testemunha da evolução e recuperação do clube. Sei o que era e o que é hoje o Benfica. Sou testemunha também dentro de campo. Sei como somos respeitados lá fora
A LISTA DE VIEIRA pelo nosso trabalho, por tudo o que fizemos. Tem de haver memória e gratidão. Acima de tudo, tem de haver reconhecimento pelo trabalho de Luís Filipe Vieira e de todas as suas várias equipas, que ao longo destes anos fizeram este grupo”, acrescentou aquele que, como Record indicou, será o braço-direito de Vieira nos próximos anos. Tal como o presidente, havia começado o discurso com uma nota de condolências ao malogrado Luís Santos. Ao passar para os órgãos sociais do clube, Rui Costa perderá direito ao vencimento que tinha na SAD – no último ano foram 232 mil euros. Vieira quis deixar o assunto clarificado. “Desde a primeira hora, o Rui [Costa] disse que não devia ser remunerado. Não vai haver uma alteração de estatutos por causa do Rui. Ele vem graciosamente trabalhar para o Benfica”, reiterou.
Ao ataque aos candidatos
O discurso de Vieira, que não respondeu a perguntas no final, foi marcado também por ataques aos demais candidatos. O presidente em funções há 17 anos garantiu que “fazer promessas em 2020 é fácil” visando, em particular, João Noronha Lopes. “Não vi essa energia nem essa disponibilidade – em nenhum dos que hoje se propõem liderar o clube – em 2003, 2006 ou 2009. Não os vi avançar quando o Benfica atravessou um dos seus períodos mais críticos. E não venham dizer que estiveram [presentes] apenas porque aparecem numa fotografia”, declarou, acrescentando que “o futuro não é o que se promete, mas sim o que se conquista”. “Tenho a credibilidade do trabalho feito para poder garantir o futuro, enquanto outros, que hoje prometem o futuro, não estiveram no passado”, atirou.
*