Record (Portugal)

PODE SER! Vai ser até vir a mulher da fava-rica

ESTAMOS NAS MÃOS DE UMA ORGANIZAÇíO QUE TOLERA EXCESSOS E APLICA CASTIGOS RIDÍCULOS. DAÍ QUE TREINADORE­S E DIRIGENTES SE SINTAM À VONTADE PARA IR ALÉM DOS LIMITES

-

ç No futebol, muito ou quase tudo se resolve nos pormenores. Tivesse Taremi concretiza­do em golo aquele remate rasteiro que executou poucos segundos após ter substituíd­o Uribe, já para lá dos 90 minutos do clássico de Alvalade, e ainda hoje Sérgio Conceição estaria a ser endeusado pela oportunida­de da entrada do iraniano, que teria dado a vitória ‘in extremis’ ao FC Porto.

Aconteceu que o génio foi outro, o técnico adversário, Rúben Amorim, que reservou para o segundo tempo o melhor material em armazém, recorrendo não só à utilização do desejado, João Mário, como de Vietto e Sporar – este último o tal com quem Amorim ‘não vai à bola’, de acordo com o arguto, sibilino e esclarecid­o Augusto

Inácio – que viriam, a três minutos do fim, a participar decisivame­nte na jogada que deu o empate. Um resultado que o Sporting fez por merecer, até como corolário do já notável trabalho de construção de uma equipa. E que castigou os portistas pela falta de pulmão – ou de ambição? – que não lhes permitiu procurar o 3-1.

EXISTA MOTIVO OU NÃO, CONTRA NÓS É QUE NÃO

E DESPEJA-SE A IRA NO APITADOR...

Mas considerar relevantes estas minudência­s não basta, é preciso o espalhafat­o da polémica. Vamos por partes. Quando o árbitro apontou para a marca de penálti, por pretenso derrube de Zaidu a Pedro Gonçalves, Sérgio Conceição fez a fita do costume, como se lhe fosse possível concluir, sem ver as imagens, aquilo que ninguém foi capaz de garantir em absoluto após dezenas de visualizaç­ões. Exista motivo ou não, penálti contra o FC Porto é que não pode ser! E toca a despejar a ira no apitador.

Entretanto, o VAR levanta a dúvida – com a intermináv­el questão da intensidad­e – e Luís Godinho revê o lance e reverte a decisão. Também sem saber se foi ou não falta, nem isso lhe interessar, Rúben Amorim excede-se, ultrapassa na ‘intensidad­e’ o palavreado de Sérgio – ele diz que foi ao contrário e sinto-me inclinado a crer que fala verdade – e é expulso. Exista motivo ou não, anular um penálti a favor do Sporting é que não pode ser! E toca a despejar a ira no apitador.

Parece evidente que a mão de Zaidu nas costas de Gonçalves tanto pode ter desequilib­rado o avançado do Sporting, que não estava apoiado, como nada ter contribuíd­o para esse desequilíb­rio. E sendo assim, como alguém tem a missão de decidir, a avaliação do árbitro devia ser respeitada. Mas estamos no país do vale tudo e nas mãos de uma organizaçã­o que tolera excessos e aplica castigos ridículos. Daí que treinadore­s e dirigentes se sintam à vontade para ir além dos limites e espalhem nuvens de fumo para esconder as próprias responsabi­lidades. E as lamúrias de Frederico Varandas, no final da contenda, com a esfarrapad­a lengalenga da vítima perseguida por todos os malvados do Planeta, confirmam que continuare­mos neste lamentável registo até vir a mulher da fava-rica.

O último parágrafo vai para Pepe, que fez em Alvalade mais um jogo irrepreens­ível depois dos três consecutiv­os ao serviço da Seleção. Foram quatro partidas – cumpridas integralme­nte – apenas em 11 dias. Para um futebolist­a a caminho dos 38 anos é uma proeza digna de um autêntico fenómeno. Chapeau!

 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal