Razão e coração
ç O Benfica tem qualquer coisa que não se explica, sente-se. E seguramente muitos benfiquistas sentirão o mesmo. E, portanto, o coração é parte central da minha relação com o Benfica. Mas não posso ignorar que a razão também faz parte dessa relação. Racionalmente, não sou indiferente ao papel que as direções lideradas por Luís Filipe Vieira tiveram na modernização do Benfica, em particular quanto a instalações e estruturas de apoios, mas também quanto à dinâmica na imagem e marketing. E merecem os meus parabéns por isso.
No entanto, é difícil perceber algumas opções dos últimos anos. Mesmo que houvesse alguma racionalidade financeira, foram totalmente desprovidas de racionalidade competitiva. O Benfica falhou o crescimento ou retorno às grandes jornadas europeias. Não recuperou a hegemonia nacional e apresenta muitas dificuldades em conseguir vencer adversários com menor capacidade financeira. Temos assistido ao Benfica debaixo dos holofotes, raramente por boas razões. E, portanto, o coração tem sofrido revés importantes. Estive na final perdida em Turim e por diversas vezes tive dificuldade em explicar aos meus filhos os resultados de alguns jogos.
Estamos num momento de mudança e reconheço em Rui Gomes da Silva a experiência e ambição necessárias para liderar o clube numa nova fase de crescimento. Há uma característica que lhe colam, que tem a ver com ser crítico do Benfica. É um equívoco fácil, mas efetivamente a crítica mordaz que lhe (re)conhecemos tem a ver com as opções de quem gere o Benfica, e não contra o clube. Rui Gomes da Silva tem seis décadas de sócio e sabe bem a diferença entre as duas realidades. Sabe que o Benfica não é de ninguém, é dos seus sócios. O Benfica é nosso! Não é apenas uma voz crítica da atual situação, mas tem reflexão feita e publicada, para devolver o Benfica ao lugar que merece. Importa ler o programa ambicioso e concreto que propõe, para que possa ser alvo de crítica.
Conhece o clube como poucos devido à sua ligação e presença constantes, o que me conforta quanto aos desafios internos de unir os benfiquistas num projeto de futuro. Tem a tarimba necessária para defender os interesses do Benfica nas estruturas nacionais, e não precisa de intermediários para se mover na esfera do futebol internacional.
A sua paixão pelas modalidades (ou não tivesse ele próprio sido um atleta do hóquei em patins) assegura-me que será presença constante junto das mesmas e que proverá todo o apoio necessário para as mesmas crescerem e serem vitoriosas. Por tudo isto, com razão e coração, estarei com Rui Gomes da Silva nas próximas eleições.