Record (Portugal)

E agora, quanto vale Bruno?

MARCA A CADA 135 MINUTOS NA PREMIER LEAGUE ESTA ÉPOCA, CONTRA 147 MINUTOS NA ÚLTIMA INTEIRA QUE FEZ NO SPORTING. MAS NÃO É SÓ. JÁ LEVA NOVE ASSISTÊNCI­AS EM 2020/21

- André Veríssimo Diretor do Negócios LUÍS MIGUEL HENRIQUE RUI DIAS

QUANTO MAIS BRUNO BRILHA, PIOR PARECE O NEGÓCIO FEITO POR FREDERICO VARANDAS

ç O Manchester United está no topo da Premier League e Bruno Fernandes é o grande protagonis­ta. Antes do encontro de domingo com o Liverpool, que terminou empatado, Barney Ronay punha nos ombros do português o destino do jogo escrevendo em título no ‘The Guardian’: “Quão bom pode Bruno Fernandes tornar o Manchester United?”. Já era ele que carregava o Sporting, agora faz o mesmo pela equipa de Old Trafford.

Do outro lado do Atlântico, o futebolist­a foi também pretexto para um artigo no ‘The New York Times’, publicado na quinta-feira. Rory Smith chama-lhe “a força motriz por detrás do ressurgime­nto do Manchester United”. O artigo não versa apenas sobre o talento de Bruno Fernandes, o cerne é o tempo que levou até ele se revelar.

A história é conhecida: dos escalões inferiores do Boavista para o Novara da segunda divisão italiana, por tuta e meia, depois para a Udinese durante três anos, de onde passou para a Sampdoria. Não deixa de ser paradoxal que depois de jogar quatro épocas na Serie A, tenha sido o regresso a Portugal a finalmente projetá-lo no mercado e a levá-lo para um dos grandes do futebol europeu.

Roy Smith deixa a sua reflexão. “A história de Fernandes pode ser vista como um conto inspirador de reconhecim­ento tardio, trabalho árduo recompensa­do, perseveran­ça e dedicação. Ou pode ser interpreta­do como um alerta para a enraizada ineficiênc­ia na forma como o futebol faz a busca por talentos, um aviso de que a diferença entre o sucesso e o fracasso é pequena e que o destino às vezes pode depender de algo tão simples como apanhar um autocarro”. Há um pouco de ambos. Ter ido para as escolas do Boavista e não do FC Porto pode explicar porque irrompeu mais tardiament­e. Mas quantos outros Brunos Fernandes deixará o ‘scouting’ fora do radar?

O antigo jogador do Sporting fez história este fim de semana. Tornou-se o primeiro futebolist­a a ser nomeado por quatro vezes o melhor jogador do mês no mesmo ano: fevereiro, junho, novembro e dezembro. O que mostra duas das caracterís­ticas que fazem dele um dos melhores médios da atualidade: a consistênc­iatência e a regularida­de.

O rendimento vem em crescendo: Bruno Fernandes marca um golo a cada 135 minutos na Premier League esta época, contra 147 minutos na última inteira que fez no Sporting. Não só marca, como dá a marcar. Vai com nove assistênci­as este ano.

É impossível não contrastar o seu caso com o de João Félix, cuja saída por mais de 120 milhões do Benfica para o Atlético Madrid ofusca os 55 milhões (mais 25 em objetivos) que o Manchester United pagou ao Sporting. Olhando apenas para o rendimento desportivo de um e de outro, podia dizer-se que os valores estão ao contrário. Não é apenas o ‘scouting’ que é ineficient­e.

Quanto mais Bruno Fernandes brilha, pior parece o negócio feito por Frederico Varandas há um ano, mesmo sabendo que as circunstân­cias eram difíceis, o clube de Alvalade precisava do dinheiro, o que é sempre pior para quem vende. Em maio, o ‘The New York Times’ falou com o presidente do Sporting por este trabalhar também como médico durante a pandemia. A questão veio à baila: “Às vezes estou na cama e a imaginar o que aconteceri­a se tentássemo­s vender Bruno Fernandes agora – qual seria o preço? 15, 10?”, disse ao jornal norte-americano. E agora que é a estrela da equipa que lidera o campcampeo­nato mais competitiv­otivo da Europa?

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