Porro carimba bis de Amorim
ç Tudo mudou ao minuto 41. Até aí, a final da Taça da Liga, uma verdadeira festa do 3x4x3 – três jogos, seis onzes, em momento ofensivo, nessa organização estrutural –, mantinha-se fiel ao que têm sido grande parte dos clássicos nos últimos tempos. Um jogo fastidioso, repleto de duelos e de perdas de bola não forçadas, condicionado por um relvado miserável, amarrado a um futebol direto incapaz de gerar oportunidades de golo nas duas balizas, e metamorfoseado, por um árbitro demasiado zeloso, num festival de apito com faltas e cartões, aos quais não escapou a expulsão em simultâneo de Rúben Amorim e de Carlos Carvalhal.
O golo de Porro, tremendamente bem servido por Gonçalo Inácio, um canhoto no centro-direita da defesa, na execução de um livre, desfraldou uma cratera no 4x4x2 em momento defensivo dos bracarenses [1]. O lateral espanhol atacou com enorme sagacidade o espaço entre Sequeira, preso, no espaço interior, a Tiago Tomás, e um distraído Galeno [1], para disparar em direção à baliza de Matheus. A partida abriu de imediato, com Pedro Gonçalves, após um sensacional trabalho individual desde as entrelinhas, pelos leões, e um ataque veemente à profundidade de Abel Ruiz, na sequência de uma excelente abertura de Esgaio, pelos guerreiros, a ameaçarem a última linha rival.
A etapa complementar desenhou-se sobre uma tendência clara: o Sp. Braga assumiu os cordelinhos do jogo, instalando-se com bola no meio-campo ofensivo, ante um Sporting que procurava estar bem organizado no capítulo defensivo – o que nem sempre aconteceu [2,3] – e apostar no contra-ataque, visando as costas da última linha adversária que se posicionava cada vez mais adiantada. Se é certo que a entrada de
Paulinho, no início da segunda parte, contribuiu para que os guerreiros fossem capazes de estabelecer melhores conexões [2] e ser mais agressivos no ataque à profundidade, a tendência, tal como tinha acontecido na etapa inicial, passava pela perscrutação das ações de condução e de desmarcação de Galeno no corredor esquerdo [2], dor de cabeça permanente para Porro, mas muitas vezes infeliz na definição. Seria a entrada de Iuri Medeiros, que conduziu ao recuo de Fransérgio para a zona central do meio-campo e à deslocação de Ricardo Horta para o espaço entre a esquerda e o centro, a ser a chave para o crescimento exibicional dos comandados de Carvalhal. Iuri, a partir da direita, criou desequilíbrios no um contra um que lhe permitiram chegar com qualidade a zonas de finalização, e foi incisivo, como é habitual, no ataque às entrelinhas [3], encontrando espaços dentro do bloco rival até aí praticamente incógnitos. O Sp. Braga acabou por estar mais perto do empate – cinco remates enquadrados na segunda parte, todos após a entrada de Iuri, depois de um nulo na etapa inicial –, mas o Sporting não deixou de desafiar a eficácia superlativa, com Matheus a negar oportunidades a Pedro Gonçalves (66’) e a Sporar (81’). *