Como fica a ‘covidade’ desportiva?
OS TITULARES QUE JÁ ESTÃO IMUNES NOS CANDIDATOS AO TÍTULO SÃO 10 NO BENFICA, 4 EM SPORTING E SP. BRAGA, 3 NO FC PORTO. A RESILIÊNCIA SERÁ DECISIVA NA LUTA CONTRA OS DANOS DO VÍRUS
Vamos focar-nos apenas no topo da tabela. O início da 2.ª volta encontra-se a duas semanas de distância e o flagelo da Covid-19 está a fustigar como nunca o futebol português. A cada bateria de testes a ansiedade é generalizada e esse estado de alma estende-se a todo o envolvimento dos profissionais de futebol, desde jogadores e técnicos a elementos da estrutura. Devemos alimentar a noção de que a ‘covidade desportiva’ pode colocar em causa a verdade desportiva? Quem não tivesse a noção de que o timing das infeções de Covid seria determinante no decurso da 1.ª Liga estava certamente muito distraído. Quando a Liga equiparou esta infeção a uma lesão foi alvo de tremendas críticas, mas na prática o efeito é similar. Trata-se de mais um fator aleatório que, como uma lesão, pode ferir o potencial de uma equipa sem levar em conta se o desafio seguinte é mais ou menos determinante para a tabela classificativa.
Neste momento o que sabemos é que, olhando para o previsível melhor onze, quem poderá estar menos pressionado para enfrentar a segunda metade do campeonato será certamente o Benfica. Só Odysseas conseguiu até agora escapar à Covid-19, mas claro que para enfrentar a fase decisiva da época com fortes possibilidades de garantir o topo não pode haver uma quebra acentuada nos próximos desafios. O Sporting lidera a competição e, apesar de ter sido o primeiro grande a ser massacrado pelo vírus, só conta com quatro titulares imunes: Neto,
Palhinha, Pote e Nuno Santos. Ou seja, há mais sete em risco. No que toca ao FC Porto, são Manafá, Sérgio Oliveira e Otávio os nomes na lista dos titulares claros que já estão safos se nada correr mal na recuperação, com Luis Díaz também à espreita, ele que é uma espécie de 12.º jogador de luxo. Ainda assim, há oito primeiras opções em risco. O Sp. Braga blinda as informações sobre a Covid-19, mas é certo que pelo menos David Carmo, Tormena, Bruno Viana e Castro já foram apanhados. Faltam os outros.
Tal como ninguém consegue antever, escolher ou imaginar a altura em que uma lesão grave ou uma expulsão devem ou não acontecer, a ‘covidade desportiva’ não vai retirar qualquer brilho ao campeão da mesma forma que a paragem forçada pela pandemia, em 2019/20, também não levou a que fosse colocado um asterisco à frente do nome do clube que acabou no topo, ou sequer que o troféu passasse a ter menos brilho. Quem perder vai queixar-se, faz parte do folclore, mas sendo claro nesta altura que, face à lentidão do processo, os jogadores não serão vacinados antes do final da época, quem agora está a sofrer pode beneficiar mais à frente. A chave é face à crise, tal como se pede ao povo português, conseguir ser resiliente.
A 2.ª VOLTA COMEÇA EM DUAS SEMANAS E O GRAU DE EXPOSIÇÃO À COVID-19 ESTÁ MUITO ELEVADO