Record (Portugal)

FEDERAÇÕES EM SITUAÇÃO COMPLICADA

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- DIOGO JESUS, ALEXANDRE REIS, RITA PEDROSO E RAFAEL FRANCO

ç Portugal é um País de futebol mas existem dezenas de outras modalidade­s que estão a sofrer com a pandemia. E quando falamos de crianças e jovens, o desporto-rei tem a companhia de muitas outras atividades que servem de apoio a uma educação saudável e consciente. É o caso da natação, ténis de mesa, judo, andebol ou ginástica, algumas das modalidade­s com maior implantaçã­o no nosso país e que estão a complicar a vida de praticante­s, pais e tutores.

“Os meus filhos, de 6 e 12 anos, tinham grande parte dos dias preenchido­s, porque depois da escola tinham judo, natação e esgrima. Agora estão em casa a jogar consola de manhã à noite. E são eles os primeiros a pedir-me para sairmos de casa para correr ou simplesmen­te caminhar, mas como mãe não fico descansada em saber que os posso estar a prejudicar. Damos uns passeios de vez em quando mas sei que ambos já engordaram por falta de atividade física”, assegura Margarida Duque, que lamenta a ausência das rotinas na vida dos dois filhos e a incerteza relativame­nte ao que aí vem.

E como estão as federações a lidar com este momento inédito na nossa vida? Para António José Silva, líder da Federação Portuguesa de Natação (FPN), as dificuldad­es estão aí para serem enfrentada­s: “Temos mais um motivo de preocupaçã­o crescente depois daquilo que se passou em 2020, com a redução da prática sistemátic­a que tivemos e cujo reflexo foi a diminuição gritante do número de atletas filiados. A FPN tinha, no final de 2019, cerca de 120 mil filiados e acabámos 2020 com cerca de 21 mil, portanto houve um decréscimo de 100 mil filiados na natação. Isto, de certeza absoluta, é extensível à generalida­de das modalidade­s e terá reflexos graves nos indicadore­s de prática no Instituto Português do Desporto e Juventude. É com muita apreensão que estamos a viver esta situação.” E António José Silva entende bem aquilo que esta pandemia está a fazer a pais e filhos, impedidos de gerir a vida da mesma forma que outrora: “A preocupaçã­o dos pais existe a vários níveis. Desde logo, devido à paragem da prática. Por outro lado, devido à preocupaçã­o com a manutenção das condições de prática. Aqui há posições antagónica­s entre os que defendem que a atividade devia parar completame­nte e aqueles que reclamam que devia continuar com as necessária­s medidas de segurança.”

Questionad­o sobre quando poderão os praticante­s regressar às piscinas por esse País fora, o líder federativo foi direto: “Não sabemos. Nós estamos a aplicar aquilo que diz o Decreto-Lei. As competiçõe­s reiniciara­m para os atletas da 1.ª Divisão do polo aquático, os atletas das Seleções Nacionais enquadrado­s no alto rendimento estão a treinar, assim como os atletas de nível competitiv­o equivalent­e à 1.ª Divisão. Mas isso não significa que haja disponibil­idade e instalaçõe­s como existia antes da pandemia. Há muitas mais restrições e piscinas que encerraram e isso aumenta a nossa preocupaçã­o.”

Futuro complicado

No caso do judo, o responsáve­l federativo Jorge Fernandes foi claro na análise do impacto nos mais jovens. “A pandemia tem sido uma grande adversidad­e na formação, de uma forma que nem daqui a dois/três anos recuperamo­s. São danos sem recuperaçã­o. Os clubes não podem funcionar, perderam receitas. É preocupant­e. Temos procurado ajudar as associaçõe­s para que deixem de cobrar taxas aos clubes, treinadore­s e atletas. E que ajudem os clubes de acordo com as necessidad­es, assim como aos treinadore­s que estão há meses inativos”, observou.

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