Record (Portugal)

LEÃO ACUSA A PRESSÃO

Futebol lento e previsível e um Famalicão cheio de personalid­ade explicam o segundo empate consecutiv­o e 4 pontos a voar em duas jornadas

- CRÓNICA DE ANTÓNIO MENDES

O jogo acabou praticamen­te no lance em que Jovane, em cima da pequena área, atirou ao lado, aos 90’+1. Um sinal claro de que a famosa ‘estrelinha’ do leão, afinal, já não funciona, tal como não funcionou em Moreira de Cónegos quando Walterson fez o empate em cima do minuto 90. Como é óbvio, a sorte ou a falta dela nunca explica tudo num jogo de futebol, mas há momentos em que é importante e decisiva e a grande verdade é que o Sporting voltou a dar o flanco pelo segundo jogo consecutiv­o, deixando literalmen­te voar 6 pontos em duas jornadas. A almofada do líder invicto da Liga passou rapidament­e de dez para seis pontos, mas não deixa ainda de ser confortáve­l a oito jornadas do fim.

O empate de ontem justifica-se em grande parte por um futebol geralmente lento e previsível dos leões que, em boa verdade, conseguira­m criar apenas duas grandes oportunida­des de golo, ambas com Coates como ponto de referência. Foi o central uruguaio que ficou lá na frente e pressionou Gustavo Assunção, ganhando a bola para servir Tiago Tomás na área, mas este permitiu a rápida intervençã­o de Patrick William, que desviou o seu remate para canto aos 56 minutos. Foi também Coates a ganhar de cabeça na área na tal bola que sobrou para Jovane desperdiça­r na tal ocasião em cima do fecho do jogo.

A realidade é que este é um daqueles jogos fáceis de resumir, porque o Sporting teve quase sempre a situação controlada, não permitindo grande profundida­de atacante ao Famalicão. Basta olhar para a estatístic­a para de alguma forma se perceber isso, mas os leões também deram sempre a impressão clara de que teriam dificuldad­es para ultrapassa­r a boa organizaçã­o defensiva do adversário. O problema do Sporting, assim de repente, foi este: o Famalicão até descansou mais quando a bola estava nos pés dos jogadores dos leões. Por muito paradoxal que isto pareça, foi o que se passou...

Dois golos em dois minutos

Claro que perante este equilíbrio de forças, algo de estranho teria de acontecer para haver golos e foi exatamente isso que sucedeu. Dois erros, o primeiro mais individual e o segundo bem mais coletivo, permitiram os dois golos do jogo em apenas dois minutos, provando que, mesmo quando tudo parece equilibrad­o e con

trolado, as coisas podem acontecer a qualquer momento. A distração de Iván Jaime, por exemplo, que permitiu o esperto roubo de bola de Pote em zona proibida, foi o primeiro erro, sendo que aqui também há muita inteligênc­ia de Paulinho, que deixou a bola açucarada para o golo fácil de Pote. Isto numa saída em posse que Luiz Júnior arriscou. Seguiu-se a indecisão de Porro, que não matou a investida de Rúben Vinagre pela esquerda, levando também a uma indecisão coletiva da defesa leonina que Iván Jaime atrapalhou e Anderson voltou a empatar, marcando o quinto golo nos últimos quatro jogos, ou seja, desde que Ivo Vieira pegou no Famalicão. Este foi, pasme-se, o primeiro dos dois remates dos visitantes em todo o jogo, sendo que o segundo é de Iván Jaime, aos 63 minutos, num momento tão caricato como decisivo, pois Adán defendeu a bola com a cabeça... Eis o dado que explica e justifica o natural maior domínio dos leões, como seria de esperar, mas sempre a bater de frente com um Famalicão personaliz­ado e, acima de tudo, organizado. Com isto tudo, já poucos se devem lembrar que o empate de ontem, apesar de tudo, até permite a este Sporting igualar o recorde de 26 jogos sem perder na Liga, tal como na época do último título, em 2001/02!

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