Bicicleta com motor é que já não dá
NÃO ME BASTAVA O DESGOSTO DE LANCE ARMSTRONG TER VENCIDO SETE VOLTAS A FRANÇA A TOMAR PASTILHAS E VEM AGORA ESTE NOVO ENREDO DE MECÂNICA AVANÇADA…
Para mim, Lance Armstrong ainda é o heptavencedor do Tour. Fez batota, é verdade, mas “limitou-se” a andar à fren- te da farmacologia que ia sendo proibida, daí que nas centenas de controlos antidoping a que foi submetido nunca tivesse sido apanhado. Mas eu sei o que desfrutei com as suas cavalgadas montanha acima e podem desclassificá-lo mil vezes que na minha enciclopédia isso não conta. Quero ficar com o mito.
Afinal, o norte-americano não
cuidou da “proteção das testemunhas”, o dinheirinho deixou de untar as mãos dos cúmplices, a natureza humana veio ao de cima e os “amigos” e ex-beneficiários do esquema puseram a boca no trombone, denunciando o que aconteceu e o que não aconteceu – à medida do que os novos patrões lhes pediram.
Bem, a questão é que o “limitou-se” que utilizei atrás pode não ser assim tão certo, pois aumentam os rumores de que Armstrong estaria também à frente na mecânica e que terá utilizado um minúsculo motor disfarçado nas suas bicicletas, motor esse que acionaria sempre que as pernas, que gozavam da fama de jamais ceder, começavam de facto a ir-se abaixo...
Será verdade? Temo que sim e por dois motivos. O primeiro é que Armstrong está desportiva- mente liquidado e não se vê qual a vantagem de se inventar agora um enredo destes. O segundo tem a ver com aquilo que a experiência nos diz: quando há aldrabices com vários participantes, tarde ou cedo há um morto de fome que se inscreve para a delação premiada. Dito isto, há limites para a admiração
que um grande protagonista possa suscitar nos adeptos. E da mesma forma que na minha memória lhe tolero o uso das pastilhas que seriam proibidas no ano seguinte, não perdoarei Armstrong se vier a provar-se que ganhou sete voltas a França – entre 1999 e 2005 – montado numa motorizada. É como se as 28 medalhas olímpicas de Michael Phelps resultassem do absurdo de ele ter andado a nadar com barbatanas invisíveis. Espero que tudo seja apenas uma estupidez, caso contrário, é adeus, Lance, e é de vez – até o terceiro lugar de 2009 apago do mapa!
Sim, o Sporting depende de si
próprio, mas a realidade é que de 10 pontos de vantagem, quatro já se foram. E com Rúben Amorim a perder a cabeça a toda a hora, o perigo é se os jogadores começam a duvidar... Cuidado! Ponham os olhos no Atlético Madrid: uma vitória nos últimos quatro jogos. E quando se cria essa dinâmica, raramente se consegue alterá-la.
Olho para um dos nomes que Luís Filipe Vieira terá “sondado” para substituir Tiago Pinto e interrogo-me se será possível que uma superestrutura como a do Benfica possa ter sido tomada pelo mal nacional da falta de noção.
O parágrafo final vai para a miserável imagem que o treinador Miguel Cardoso ofereceu no sábado ao país, através da televisão. Não me venham com a conversa de quem começou o quê porque nada desculpa tamanha grosseria – aliás, repetida para que não restassem dúvidas. Enquanto atos deste jaez não forem severamente penalizados, a javardice continuará na moda no futebol português. E o que me faz mais confusão é que quem pode resolver isto, e nada faz, não sinta um pingo de vergonha.