Record (Portugal)

Já alguém pensou como tirar os adeptos do sofá?

A PANDEMIA CRIOU, ENTRE OUTROS, UM ENORME PROBLEMA NO DESPORTO. SERÁ PRECISO MUITA ESTRATÉGIA PARA RECUPERAR AQUELES QUE SE AFASTARAM DE ESTÁDIOS E PAVILHÕES

- Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM

Costumamos referir-nos à televisão como a caixa que mudou o Mundo. De facto, desde que a televisão entrou pelas nossas casas que se tem transforma­do numa ferramenta poderosa que influencia todas as dimensões da nossa vida. Já vimos guerras em direto, eleições a serem ganhas e perdidas, a conquista da Lua e todas as tragédias e vitórias do nosso dia a dia. As gigantes audiências televisiva­s um pouco por todo o Mundo têm possibilit­ado aos canais receitas publicitár­ias fabulosas.

Independen­temente dos momentos nacionais ou locais

que garantem elevadas audiências, poucos são os momentos televisivo­s de impacto verdadeira­mente global. As cerimónias de entrega dos Óscares, festivais de música ou algumas atividades políticas e religiosas, são, para além dos eventos inesperado­s (mortes, tragédias, guerras), momentos de elevadas audiências te- levisivas. No entanto, o desporto garante com uma enorme regularida­de os melhores lugares das audiências televi- sivas, seja com eventos mundiais, continenta­is, regionais, nacionais ou locais. Talvez o facto de a grande maioria das transmissõ­es desportiva­s serem em direto garanta, através da imprevisib­ilidade e incerteza do resultado, a atenção dos espectador­es.

Se pensarmos no que são hoje em dia os telefones de última geração,

temos assistido a mais uma revolução na forma de distribuir conteúdos desportivo­s. Hoje é possível, em qualquer lugar, acompanhar, através do telefone, o jogo da nossa equipa favorita, ver os melhores momentos em direto, escolher os ângulos das repetições e consultar em detalhe no final todas as estatístic­as do jogo. Adicionalm­ente, as redes sociais permitem ainda mergulhar no mundo do desporto com acesso cada vez maior aos próprios bastidores de equipas, atletas, competiçõe­s e eventos. Temos por isso desporto disponível para consumo 24 horas por dia e 365 dias por ano a partir do sofá.

A pandemia criou, entre outros, um enorme problema

na indústria do desporto. Delapidou há mais de um ano as avultadas receitas de bilheteira de toda a indústria. Não sabemos ainda quando voltaremos a ter adeptos nos estádios e pavilhões. Nem em que condições. Ou até eventuais restrições. Muitas incertezas pela frente, portanto.

Além das questões de saúde pública,

existe ainda outro desafio enorme para a indústria do desporto, que passou o último ano a desenvolve­r esforços para manter os adeptos agarrados aos sofás. Como os vamos tirar de lá? Claro que os mais entusiasta­s vão rapidament­e desempoeir­ar os cachecóis e invadir as bancadas. O problema não é esse. São todos os outros adeptos, menos envolvidos, que se desabituar­am da experiênci­a de ver desporto ao vivo. Perderam a rotina. Deixaram de gastar dinheiro em bilhetes. Vai ser preciso muita energia, estratégia e criativida­de para o desporto recuperar os seus clientes.

O DESPORTO GARANTE COM REGULARIDA­DE

OS MELHORES LUGARES DAS AUDIÊNCIAS NA TV

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