Gerir emoções e direitos humanos
Um dos temas recorrentes no final de campeonato é o extravasar de emoções que são compreensíveis no contexto do jogo, mas não devem toldar raciocínios e juízos de valor depois do apito final. Tem sido um ano complicado pela situação pandémica, pelo apertar dos calendários e alterações às rotinas das equipas. Como já tive a oportunidade de referir, os jogadores têm dado uma resposta magnífica dentro de campo e contribuído muito para a estabilidade desta indústria. É por isso que não posso deixar de referir que os comentários feitos sobre a expulsão do Stephen Eustáquio foram precipitados e despropositados. Não tenho dúvidas sobre a sua integridade moral, tendo de imediato feito um pedido de desculpas. O apelo que mantenho é para o respeito recíproco entre jogadores, e vale também para dirigentes, árbitros e treinadores, pela dignidade profissional de todos e na procura de um final de época com qualidade e elevação.
Ao relacionar quezílias desportivas
com dramas humanitários, percebemos quais as discussões que valem realmente a pena. Assistimos felizmente a um novo despertar da consciência desportiva para os direitos humanos. Várias organizações e agora com o suporte de seleções nacionais denunciaram os acontecimentos no Qatar a propósito das vidas humanas ceifadas na construção dos estádios para o Mundial. Este tema não pode ser ignorado e merece reflexão, para evitar que palcos de futuras competições com a dimensão de um Mundial não tenham esta marca atroz. Por falar em direitos humanos, deixo uma mensagem de solidariedade para com o povo de Moçambique, apaixonado por futebol, que por estes dias sofre horrores de guerra. Que o futebol, e o desporto em geral, ajude a despertar valores humanistas.