Assassinato de caráter
çUm treinador, numa conferência de imprensa, teve a infeliz decisão de fazer declarações que, pelo tom e conteúdo, deixaram toda a margem para ser interpretadas como machismo no futebol. Foi, naturalmente e de imediato, atacado em várias frentes, com especial foco nas redes sociais. Consequência de tudo isto... uma criança, a sua filha, foi vítima de provocações verbais na escola e foi a chorar para casa. Não podemos tolerar que um ‘momento do futebol’ tome tais proporções na vida privada das pessoas. Todos aqueles que atacaram a honra e o bom-nome do treinador José Faria, independentemente da infeliz escolha de palavras que possa ter tido, devem refletir sobre os ataques que lhe dirigiram e as consequências que isso trouxe para uma criança que nada tem a ver com esta ‘guerra’. Quero aqui deixar uma palavra de solidariedade para o treinador José Faria e a situação familiar que viveu. Infelizmente, na arbitragem, situações como esta (filhos de árbitros chegarem da escola a chorar) são recorrentes. Normalmente resultam de ataques que treinadores e outros agentes do futebol fazem aos árbitros no seguimento de erros destes em campo. Vou acreditar que o José Faria, relembrando o que a sua filha passou, e o seu clube, recordando o que o seu profissional está a viver, nunca mais dirão uma palavra pública que possa contribuir para o assassinato de caráter de um árbitro.