Record (Portugal)

“NUNO PERCEBEU A EVOLUÇÃO QUE QUERO TER”

Está explicado o motivo pelo qual não seguiu para o Tottenham: ao fim de nove anos como adjunto de Espírito Santo, entendeu terminar essa ligação para lançar-se como treinador principal e implementa­r algo diferente no futebol

- NUNO BARBOSA

Em Inglaterra especulou-se muito por não ter acompanhad­o Nuno Espírito Santo na transição para o Tottenham. Como decorreu o processo de ‘divórcio’?

RUI PEDRO SILVA – Foi relativame­nte simples. Costumo dar passos arriscados, mas sempre com segurança. Tem sido assim ao longo da minha carreira. Foi assim, por exemplo, quando terminei, na Grécia, a ligação cómoda que tinha com o professor Jesualdo Ferreira, como adjunto, para aceitar o convite do Nuno (Espírito Santo) para adjunto principal dele, no Rio Ave. Essa ligação terminou agora, no Wolverhamp­ton. Sempre assumi perante o Nuno que, quando iniciasse um projeto com ele, iria terminá-lo. E, durante o trajeto no Wolverhamp­ton, tive um convite do Sheffield Wednesday, a meio da época, um projeto aliciante, e não fui. Mantive a minha postura.

O próximo passo arriscado é tornar-se treinador principal?

RPS – Sem dúvida, tenho uma ideia e quero dar esse passo para implementa­r algo diferente, que ajudará na evolução do futebol.

Como é que Nuno recebeu a notícia da sua saída?

RPS – A conversa que tive com o Nuno foi no final da última época, porque me apareceram dois projetos bastante interessan­tes de treinador principal, mas por razões diferentes nem um nem outro se concretiza­ram. Foi uma conversa normal entre dois amigos e ele percebeu perfeitame­nte os motivos da evolução que quero ter. Quando alguém está numa equipa técnica como adjunto e a sua visão e ambição passam para o patamar seguinte, faz sentido não continuar. Enquanto adjuntos, se a nossa visão já for de treinador principal, aquilo que acrescenta­mos já choca em demasia com o treinador. Muitas vezes temos que discordar, mas quando as visões começam a ser diferentes é porque chegou o momento de dar o passo seguinte.

Foi uma saída a bem?

RPS – Sem dúvida.

Como perspetiva a ligação de Nuno ao Tottenham?

RPS – Tem tudo para dar certo. Foi o passo natural na carreira de quem fez quatro excelentes épocas no Wolverhamp­ton. Além disso, o estilo de liderança do Nuno enquadra-se perfeitame­nte no projeto do Tottenham.

No seu trabalho como treinador principal vai ter mais referência­s de Nuno Espírito Santo, com quem trabalhou nove anos, ou Jesualdo Ferreira, com quem esteve durante sete épocas?

RPS – É uma boa pergunta. Com o professor Jesualdo eu praticamen­te comecei a andar, foi com ele que me iniciei no futebol... Foram etapas distintas com cada um deles, estímulos que nos fazem crescer de forma diferente. Ambos foram muito benéficos para mim e fizeram-me crescer.

Que ideias quer implementa­r como treinador principal?

RPS – Uma ideia focada no jogador. Defendo que, para ele, a evolução é constante, não tem fim.

Enquanto conseguir que o jogador evolua individual­mente, a nível tático e técnico, vou conseguir projetá-lo no modelo de jogo que será adaptado à realidade do clube e do plantel existente. O que se manterá sempre será a ideia de jogo. Quero uma equipa competente, competitiv­a e dominante em grande parte do tempo. Vou criar um modelo de treino que permita a um jogador ter essa evolução constante.

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“QUANDO A VISÃO E AMBIÇÃO DO ADJUNTO PASSAM PARA O PATAMAR SEGUINTE, FAZ SENTIDO NÃO CONTINUAR”

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RUI PEDRO SILVA

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