Santo ou pecador?
Competirá ao Ministério Público fazer a prova e aos juízes a sua apreciação relativamente aos ilícitos criminais, para já indiciados à autoria de Luís Filipe Vieira e restantes arguidos, assumindo as defesas, como é óbvio, o papel de exercer o contraditório.
Não obstante a gravidade de muitos
dos factos indiciários, por experiência e formação profissional espero para ver. Paradoxalmente, o que mais me tocou, na enxurrada de notícias que jorra deste acontecimento, não tem nada de ilegal, mas nem por isso deixa de ser, a confirmar-se, profundamente censurável.
Refiro-me à parte do alegado compromisso
de venda de 25% das ações da SAD a um investidor americano. À luz da lei e dos estatutos, nenhum impedimento existe relativamente a negociar, dentro ou fora do mercado, capital da SAD. Por outras palavras, vender ou prometer vender ações da SAD, legitimamente detidas, não configura qualquer crime.
Bem pode o putativo investidor John Textor
falar no acrisolado benfiquismo do Sr. António José dos Santos; este procurou o seu benefício, que persegue notoriamente há bastante tempo, com todo o direito, mas quanto a fervor clubista estamos conversados.
Se o ‘Rei dos Frangos’ pode dispor como quiser
das suas ações, sem dar cavaco, o mesmo não acontece com o presidente do clube. E a questão a colocar é muito simples: que imagem de comprometimento e confiança se quer passar aos sócios e ao mercado, quando o maior expoente da instituição corre a vender as suas ações na mira de um lucro simpático?
No longo texto que John Textor divulgou,
para doirar a pílula da sua tentativa de meter um pé na porta da SAD, refere que negociou apenas com o grande benfiquista ‘Sr. Dos Santos’, omitindo que o tenha feito com outros acionistas, máxime o presidente. O ‘Nascer do Sol’ fala em 25% de capital comprometido.
A defesa de Luís Filipe Vieira que tão argutamente
o livrou de uma medida de coação restritiva da liberdade tem, a meu ver, todo o interesse, se não for verdade, em esclarecer a situação. Porque há coisas que fazem toda a diferença.