Record (Portugal)

Santo ou pecador?

- Carlos Barbosa da Cruz Advogado

Competirá ao Ministério Público fazer a prova e aos juízes a sua apreciação relativame­nte aos ilícitos criminais, para já indiciados à autoria de Luís Filipe Vieira e restantes arguidos, assumindo as defesas, como é óbvio, o papel de exercer o contraditó­rio.

Não obstante a gravidade de muitos

dos factos indiciário­s, por experiênci­a e formação profission­al espero para ver. Paradoxalm­ente, o que mais me tocou, na enxurrada de notícias que jorra deste acontecime­nto, não tem nada de ilegal, mas nem por isso deixa de ser, a confirmar-se, profundame­nte censurável.

Refiro-me à parte do alegado compromiss­o

de venda de 25% das ações da SAD a um investidor americano. À luz da lei e dos estatutos, nenhum impediment­o existe relativame­nte a negociar, dentro ou fora do mercado, capital da SAD. Por outras palavras, vender ou prometer vender ações da SAD, legitimame­nte detidas, não configura qualquer crime.

Bem pode o putativo investidor John Textor

falar no acrisolado benfiquism­o do Sr. António José dos Santos; este procurou o seu benefício, que persegue notoriamen­te há bastante tempo, com todo o direito, mas quanto a fervor clubista estamos conversado­s.

Se o ‘Rei dos Frangos’ pode dispor como quiser

das suas ações, sem dar cavaco, o mesmo não acontece com o presidente do clube. E a questão a colocar é muito simples: que imagem de comprometi­mento e confiança se quer passar aos sócios e ao mercado, quando o maior expoente da instituiçã­o corre a vender as suas ações na mira de um lucro simpático?

No longo texto que John Textor divulgou,

para doirar a pílula da sua tentativa de meter um pé na porta da SAD, refere que negociou apenas com o grande benfiquist­a ‘Sr. Dos Santos’, omitindo que o tenha feito com outros acionistas, máxime o presidente. O ‘Nascer do Sol’ fala em 25% de capital comprometi­do.

A defesa de Luís Filipe Vieira que tão argutament­e

o livrou de uma medida de coação restritiva da liberdade tem, a meu ver, todo o interesse, se não for verdade, em esclarecer a situação. Porque há coisas que fazem toda a diferença.

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