Record (Portugal)

Mancini e a nova Itália

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A Inglaterra parecia viver uma conjugação astral sem precedente­s e que a podia levar à glória num Wembley vulcânico, mas o Euro’2020 acabou justamente por premiar uma Itália que recuperou a ilusão e que gosta de ser protagonis­ta. Naquela que merecia ter sido a verdadeira final, os italianos só se dobraram frente à Espanha, que tinha uma proposta de jogo ainda mais atraente, mas talvez menos madura e efetiva.

A Itália acabou assim por ser a única seleção

que chegou ao título após ganhar duas decisões nos penáltis, mas nem isso diminui o mérito de uma equipa que, em respeito pelo seu passado, continua a saber defender bem, mas que hoje se move não só com energia, mas também com mestria e brilho. Acabou a Itália que só gostava de ganhar por um golo porque não podia ganhar por meio.

O grande triunfador foi Roberto Mancini,

que pôs o talento à frente de tudo e não olhou a nomes nem a clubes. Há três anos, após o apocalipse que deixou os italianos de fora do Mundial, Mancini começou uma revolução que César Prandeli já tinha tentado no Mundial de 2014, nos EUA. A empreitada falhou, então, após uma derrota com a Costa Rica que deixou a Itália de fora logo na fase de grupos. Mas Mancini foi mais hábil e conseguiu mesmo transforma­r e dar uma nova identidade a uma Itália que até Fabio Capello reconhece ser distinta (“Não há outra Itália como esta”, disse).

Enquanto isso,

a anfitriã Inglaterra até conseguiu contrariar a tendência para não deixar a sua marca nos Europeus, mas a derrota na final será sempre relacionad­a com o excesso de pragmatism­o e a parca aposta de Southgate no inigualáve­l talento que tinha à sua disposição. Ficará na história como o selecionad­or que só meteu os craques para marcarem (e falharem) os penáltis…

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