SALGADO COLOCOU VIEIRA NO BENFICA
DESPACHO A QUE Record TEVE ACESSO NÃO DEIXA DÚVIDAS A JUIZ CARLOS ALEXANDRE E MINISTÉRIO PÚBLICO
Ricardo Salgado, antigo líder do Grupo Espírito Santo, teve um papel determinante na primeira corrida de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica. De acordo com o despacho assinado pelo juiz Carlos Alexandre, no qual indica as medidas de coação aplicadas aos arguidos da operação ‘Cartão Vermelho’, Vieira acabou “no Benfica destacado por Ricardo Salgado, com uma linha de tesouraria sem fim”, tendo sacrificado “a sua vida pessoal até aparecer a crise imobiliária do ‘subprime’ [crédito de risco] e depois o colapso do BES”. No mesmo documento, a que Record teve acesso, pode ler-se que Vieira também se aconselhou com Filipe Pinhal (na altura líder do BCP), que, depois de o desaconselhar, acabou por o aconselhar... “a continuar”.
A influência da banca na primeira candidatura de Vieira à
CARLOS ALEXANDRE QUESTIONA INFLUÊNCIA DO EX-LÍDER DAS ÁGUIAS NOS INVESTIMENTOS DO ‘REI DOS FRANGOS’
presidência do Benfica já tinha sido abordada pelo próprio quando em resposta às perguntas dos deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito às dívidas do Novo Banco. “A minha ida para o Benfica [...] foi também um pedido de várias instituições financeiras”, assinalou, dizendo ter entendido esse sinal como “uma prova de confiança”.
No despacho também está detalhada a ligação de Luís Filipe Vieira com o empresário José António dos Santos, denominado como ‘Rei dos Frangos’, o qual terá sido alertado da OPA à SAD benfiquista quatro meses antes desta ser anunciada. Tal levou o empresário “à aquisição em bolsa de 16.488 ações, num investimento de 45.634 euros”. Além deste lote, e para “não chamar a atenção do mercado”, deu indicações a pessoas de confiança para adquirirem mais títulos.
A relação entre ambos é longa, mas há um negócio que chama a atenção do juiz de instrução. “José António dos Santos, um gestor de um banco - Caixa Agrícola da Lourinhã - há trinta anos –, acreditou piamente nas vantagens de investir oito milhões e meio de euros na compra de um terreno na segunda linha da praia, no Rio de Janeiro, colocando o dinheiro num fundo sem ver o terreno”, questiona.
Protegido pelos prazos
De salientar ainda que Carlos Alexandre ponderou colocar Luís Filipe Vieira em prisão preventiva. A decisão acabou por não ser tomada, de forma a que os advogados de defesa não tivessem acesso às partes do processo que ainda se encontram em segredo de justiça. Além disso, se o antigo líder das águias ficasse privado da sua liberdade, o tempo de investigação do Ministério Público seria reduzido.
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