Revolução no calendário
Realização da prova em novembro e dezembro obrigará a mudanças no esquema competitivo em 2022/23, com as provas da UEFA e os campeonatos a serem afetados
O Mundial’2022, no Qatar, tem dado muito que falar. Primeiro devido à escolha polémica da FIFA e depois pelas situações de violação dos direitos dos trabalhadores envolvidos nas colossais obras de construção de infraestruturas (estádios e não só). Agora, a pouco mais de um ano da prova, começam a ser as preocupações em relação ao calendário competitivo da próxima época a centrar atenções. É que, tendo em conta as altas temperaturas que habitualmente se fazem sentir durante o verão no Qatar, o torneio terá de decorrer na altura do inverno, levando a uma autêntica revolução na calendarização das competições, nacionais e internacionais, um problema particularmente sensível no caso europeu. O Mundial do Qatar será entre 21 de novembro e 18 de dezembro, levando à necessidade de uma calendarização diferente para 2022/23. Tanto a UEFA como as Ligas nacionais – incluindo a portuguesa – ainda não tomaram uma decisão oficial, mas já há informações a apontar para que a Champions seja a competição que maiores mudanças irá sofrer. Tal como adiantou o ‘Mundo Deportivo’, a liga milionária terá um esquema competitivo mais alargado: arranca algumas semanas antes do habitual e terminará na data mais tardia de sempre, à exceção da época 2019/20, quando a final decorreu apenas em agosto devido à pandemia de Covid-19. Em primeiro lugar, a fase de grupos deverá iniciar-se a 6 ou 7 de setembro e a última jornada decorrerá a 1 e 2 de novembro. A partir daí, os clubes serão obrigados a libertar os jogadores, que terão três semanas preenchidas pelos estágios antes do arranque do Mundial. O evento ocupará uma fase da temporada que costuma ser reservada para as decisões da fase de grupos das várias provas europeias, além da reta final das primeiras voltas das ligas nacionais, o que obrigará a mudanças significativas. Em Portugal foi criado um grupo de estudo pela Liga Portugal e a FPF para decidir o que se vai fazer, mas para já não há uma conclusão.
Premier League como exemplo
Em princípio, a Champions terá os jogos dos oitavos-de-final a partir de 14 de fevereiro, com a final a estar prevista para 10 de junho. Ora, o intervalo de tempo entre a conclusão do Mundial (18 de dezembro) e o recomeço da liga milionária servirá para que as ligas europeias possam repor o número de jornadas em atraso. Apesar de ainda não existir um acordo entre Li
NA PRÓXIMA TEMPORADA, FASE DE GRUPOS DA CHAMPIONS DEVERÁ COMEÇAR MAIS CEDO E ACABAR A 2 DE NOVEMBRO
EM PORTUGAL FOI CRIADO UM GRUPO DE ESTUDO PARA DECIDIR O QUE SE VAI FAZER, MAS PARA JÁ AINDA NÃO HÁ UMA CONCLUSÃO
gas e Federações nacionais quanto à calendarização de 2022/23, a imprensa britânica aponta o caso da Premier League como um exemplo a seguir. Ao que tudo indica, os clubes ingleses terão já definido que a prova arranque uma semana mais cedo em 2022/23, no final de julho, e termine uma semana mais tarde, permitindo pelo meio um reajuste do calendário. Um modelo que pode ser seguido por diversas outras ligas.
Certo é que os grandes clubes não poderão aproveitar a nível financeiro a pré-época. Já massacrados por uma pandemia que não permitiu as habituais digressões, os tubarões europeus contarão com uma pré-época mais curta antes de 2022/23, o que vai, naturalmente, dificultar a sua preparação. Além disso, também os jogadores podem sair prejudicados na sua condição física. A sobrecarga de jogos tem sido um aspeto visado tanto por jogadores como pelos treinadores e a época 2022/23 promete ainda menor tempo de descanso. As dúvidas na calendarização que devem começar a ser dissipadas até ao final do ano.