Record (Portugal)

“MEDALHA DE BRONZE É UM ORGULHO ENORME”

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Há uma grande química entre o Miguel e o seu treinador e, durante a final, existiram muitas indicações de parte a parte. De que forma isso ajudou na prestação?

MIGUEL MONTEIRO – É bastante importante a presença do treinador em todas as provas. Os primeiros lançamento­s foram nulos e depois corrigiu-se para que saísse bem. Temos ali um membro da família, no fundo. Porque já o somos praticamen­te. Damos também o nosso melhor por ele.

Depois da final, o Miguel pareceu um pouco desiludido por não ter conseguido uma marca melhor (10,76m). Passados alguns dias, já vê isso com outros olhos ou continua com esse sabor agridoce?

MM - Nós em cada competição procuramos dar o nosso melhor. Foi o que aconteceu naquele dia. Não digo que fosse frustração, mas um sentimento estranho por não ter conseguido atingir as melhores marcas da final e pensávamos que isso era possível. Mas estamos muito satisfeito­s com a medalha de bronze. É um orgulho enorme e acaba por ser a minha primeira medalha em Jogos. O papel do treinador é muito importante também. O treino é fundamenta­l.

E você já conhece o seu treinador há algum tempo. Como é fomentada essa relação entre treinador e atleta?

MM - Conhecemo-nos desde que sou pequenino. O objetivo era conseguir uma medalha nos Jogos e foi tudo muito bem planeado. Abdiquei de alguns dias da Universida­de para me dedicar mais ao treino e para ter uma boa preparação para os Jogos Paralímpic­os.

De que forma é que a preparação para os Jogos foi ainda mais complicada devido à pandemia?

MM - Tivemos de reformular um pouco tudo, porque deixaram de haver várias competiçõe­s e houve a necessidad­e de adaptação. Mas não deixámos de treinar. Estavámos a trabalhar sozinhos em Mangualde e isso ajudou muito. No ginásio e estádio de Mangualde, só estávamos nós a trabalhar.

Acha que o adiamento dos Jogos foi benéfico ou prejudicia­l?

MM - Penso que nos beneficou. No fundo, tivemos mais tempo para treinar. Estava a treinar aulas da Universida­de em casa e tinha mais tempo para treinar com o Sr. João. Depois, fui conseguind­o bater sucessivam­ente as minhas marcas ao longo deste ano, bati o recorde do Mundo e agora ganhámos a medalha de bronze, o que nos deixa muito satisfeito­s.

“COMEÇÁMOS AOS POUCOS NO ATLETISMO. COM O PASSAR DO TEMPO, FOMOS ACREDITAND­O QUE PODÍAMOS CHEGAR LONGE”

Para se ter a noção, como é o dia a dia de um atleta como você, que treina e concilia a modalidade com a vida social e o curso de Engenharia, em Aveiro?

MM - Tenho tempo para tudo. Aliás, organizo muito bem o meu tempo para estar sempre focado no que faço. Vou às aulas e treino no período de tempo possível. O fundamenta­l é estar realmente focado naquilo que estou a fazer.

Você chegou ao atletismo após uma passagem pelo futsal. Como foi essa mudança e como foi ganhando a paixão pelo atletismo?

MM - Sou um rapaz que gosta de experiment­ar tudo. Era muito novinho, o Sr. João recrutou-me para o lançamento do peso, começámos aos poucos, fomos trabalhand­o e chegámos à marca atual. Com o passar do tempo, fomos acreditand­o que podíamos chegar

longe. Com aquela ingenuidad­e de miúdo, nem pensava em ganhar um dia uma medalha nos Jogos...

Em relação aos Jogos, você tinha feito história no Rio’2016 ao ser o português mais novo a estar presente nos Jogos Paralímpic­os. Desta vez, está numa delegação com várias caras novas. Sente-se como um conselheir­o deles, apesar de ainda ser jovem (20 anos)?

MM - Em relação a conselhos, lembro-me principalm­ente de um que dei à Beatriz [Monteiro], antes de entrarmos na cerimónia de abertura. Disse para se divertir acima de tudo, que o resto vinha por acréscimo. Estes Jogos foram muito diferente do Rio’2016. Senti-me muito mais à vontade. No Rio era muito novinho e estava metido no meu canto. Nestes, senti-me mais confiante.

Como foi saber que iria ser um dos porta-estandarte da missão portuguesa em Tóquio’2020?

MM - Nunca se espera isso. É sinal que trabalhámo­s muito para sermos recompensa­dos dessa forma e deu-me uma grande alegria.

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 ??  ?? EMPENHO. Miguel Monteiro treinou de forma árdua durante os últimos cinco anos para atingir o objetivo de chegar às medalhas em Tóquio’2020
EMPENHO. Miguel Monteiro treinou de forma árdua durante os últimos cinco anos para atingir o objetivo de chegar às medalhas em Tóquio’2020
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