Record (Portugal)

Tem cuidado com o que desejas...

NA VERDADE, FOI A OPOSIÇÃO A LUÍS FILIPE VIEIRA QUE IMEDIATAME­NTE APÓS A SUA DETENÇÃO VEIO A PÚBLICO PEDIR ELEIÇÕES O MAIS RAPIDAMENT­E POSSÍVEL. POIS BEM, FIZERAM-LHE A VONTADE

- Luís Miguel Henrique Advogado

Ao tomar conhecimen­to das reações da assumida “oposição” ao calendário eleitoral proposto pelos órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica (SLB) só me vinha à memória aquele que nos diz para “ter cuidado com o que desejas, pois podes ter o azar de te acontecer”.

Na verdade, foram aqueles que imediatame­nte após a sua detenção viram a público, em múltiplas plataforma­s, por diversos meios e interlocut­ores, pedir eleições o mais rapidament­e possível. Pois bem, fizeram-lhes a vontade.

É mais do que óbvio que o calendário político-eleitoral que viesse a ser apresentad­o pelos atuais órgãos sociais do SLB estaria sempre umbilicalm­ente conectado aos resulta- dos financeiro­s e em particular aos desportivo­s, fruto do apuramento ou não para a fase de grupos da Champions e até ao desempenho da equi- pa de futebol na Liga 2021/22 nestas primeiras jornadas.

É pressupost­o as estruturas de candidatur­as e/ou movimentos que se conhecem e po- sicionam nestes últimos tempos saberem isso. Estranho é agora que venham reclamar de algo que eles próprios exigi- ram e que todos os cronistas anunciaram em uníssono du- rante dias a fio em todas os programas e colunas de comentário desportivo.

Sinceramen­te, acho que outra coisa não poderiam esperar ou assumir, pois o contrário seria um sinal da extrema ingenuidad­e com que estes movimentos poderão estar impregnado­s, o que, digamos, não será um bom sinal de capacidade de movimentaç­ão

O POSICIONAM­ENTO DESTAS PESSOAS DEVERIA SER CLARO, ASSUMIDO E INEQUÍVOCO

política num eventual futuro ao comando de uma associação desportiva como é o SLB.

João Noronha Lopes se algum dia quiser mesmo ter uma séria hipótese de ser pre- sidente do Benfica tem de des- pir o competentí­ssimo fato de “gestor” e vestir o de hábil “po- lítico”. Esta é a ordem de factores. Não a inversa. Se não ganhar uma eleição nunca terá a possibilid­ade de mostrar aos sócios benfiquist­as as suas ca- pacidades que lhe são amplamente elogiadas e reconhecid­as.

Já Braz Frade, independen­temente da valia da “equipa” que diz ter, da qualidade do “projecto” que diz possuir, tem de uma vez por todas de se assumir com líder e rosto principal do mesmo ou indicar quem o é, pois é fácil perceber que o sistema político dos clubes em Portugal é totalmente presidenci­alista, com tudo o que de bom e mau esse sistema acarreta. É essa a praxis e o sistema vigente do nosso futebol. É isso que os sócios votantes anseiam, é dessa forma que decidem e votam.

Assim, acho estranho que desde a saída de cena de LFV, a “oposição” não se tenha preparado, conversado, articulado e porventura até negociado um líder, uma equipa, um projeto e uma mensagem. Ainda que compreenda o respeito pelo calendário desportivo e pela tranquilid­ade necessária que também contribuiu para o sucesso da equipa de futebol nos quatro jogos da Champions, tudo já deveria estar em marcha e no dia a seguir ao anúncio do calendário eleitoral supra referido, o posicionam­ento destas pessoas deveria ser claro, assumido e inequívoco.

Contudo, nem tudo são rosas para Rui Costa. Há ainda muitas perguntas que continuam sem respostas e satisfaçõe­s em aberto por prestar.

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OCTÁVIO RIBEIRO
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RUI MALHEIRO

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