Record (Portugal)

O guia luso da Champions

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SPORTING, FC PORTO E BENFICA ESTÃO A MENOS DE UMA SEMANA DE ARRANCAREM A PARTICIPAÇ­ÃO NA FASE DE GRUPOS DA CHAMPIONS. DO GRUPO DA MORTE DOS DRAGÕES, QUE TERÃO QUE SE DIGLADIAR COM ATLÉTICO MADRID, LIVERPOOL E MILAN, AO EMBATE DAS ÁGUIAS COM BAYERN E BARCELONA, DOIS COLOSSOS DO FUTEBOL EUROPEU A ATRAVESSAR­EM MOMENTOS ANTÍPODAS, E AO GRUPO BEM MENOS ACESSÍVEL DO QUE PARECE DOS LEÕES, A TAREFA DA TRINDADE LUSA DE SE MANTER NA PRINCIPAL COMPETIÇÃO DE CLUBES DA UEFA SERÁ HERCÚLEA

1 Dínamo Kiev. Será na próxima terça-feira, no Estádio Olímpico de Kiev, que o Benfica irá encetar a participaç­ão indígena na fase de grupos da Champions. Mais uma final, já que uma derrota face ao rival mais débil revelar-se-ia danosa para atingir a fase a eliminar, mas um triunfo, na antecâmara da receção a um Barcelona fragilizad­o, poderá proporcion­ar um arranque milionário. Comandados pelo velho feiticeiro Mircea Lucescu, técnico romeno que regressou à Ucrâ- nia, onde estivera 12 anos ao serviço do Shakhtar, para guiar o ar- quirrival Dínamo ao título, os bilo-syni seguem invictos no novo exercício, o que lhes abona a lide- rança isolada do campeonato. As lesões do defesa-central Popov e do avançado Besedin são as notí- cias mais desagradáv­eis para Lu- cescu, que continua a privilegia­r o 4x2x3x1 como estrutura preferenci­al. O reforço do ataque, robustecid­o com Vitinho, extremo contratado por 6 milhões de euros ao Athlético Paranaense, e Ramírez, avançado que apontou 16 golos na Eslováquia em 2020/21, foi a prioridade no assalto a 2021/22, onde é clara a aposta na continuida­de de um onze-base dominado por internacio­nais ucranianos.

2 Ajax. O campeão holandês batizará, em Alvalade, o regresso do Sporting, após 4 anos de ausência, à Liga dos Campeões. Orientados por Erik Ten Haag, os filhos dos deuses começaram a época com um desaire caseiro ante o PSV (0-4) na Super- taça, e tropeçaram na deslocação ao Twente (1-1), o que faz com que, após 3 jornadas, estejam a 2 pontos da formação de Eindhoven, lí- der da Eredivisie. Fiel a uma orga- nização estrutural entre o 4x2x3x1 e o 4x3x3, o Ajax privilegio­u o encaixe financeiro de 34 milhões de euros com as transfe- rências do guardião Scherpen, dos médios Marin e Ekkelenkam­p, do extremo Lang, e do avançado Traoré, investindo pouco mais de metade desse valor em aquisições, entre as quais se destacam as dos extremos Da- ramy (Copenhaga) e Berghuis (AZ) que dotaram o setor ofensivo, que já conta com Tadic, Haller, Antony, David Neres e Danilo, de mais opções. Com Onana suspenso até novembro, Stekelenbu­rg, que completará 39 anos este mês, deverá continuar a ser a aposta para a baliza.

3 Atlético Madrid. Campeão espanhol pela segunda vez no século XXI, o grande objetivo dos colchonero­s passa por filar um bicampeona­to que lhes esca- pa desde 1951. Algo que não fará diminuir a ambição europeia, em busca de uma Champions que já lhes fugiu em três finais. Primeiro rival do FC Porto, que se deslo- cará a Madrid para uma tarefa encorpada, o Atlético, com a mar- ca bem vincada do cholismo, sur- ge robustecid­o, reflexo das aquisições do médio Rodrigo De Paul e do avançado Matheus Cunha, uma dupla que justificou um investimen­to de 65 milhões de euros, aos quais se juntou, em cima do fecho do mercado, o retorno de Griezmann, cedido pelo Barcelona a troco de 10 milhões de euros. Após ter começado o exer- cício numa estrutura em 3x5x2, sem atingir um registo exibiciona­l arrebatado­r, não será surpreende­nte que Simeone venha a aproximar-se do 3x4x2x1 e do 3x4x1x2, de forma a conciliar Cor- rea, Griezmann e Suárez no ataque, com João Félix e Matheus à espreita, o que guiará Carrasco para o corredor esquerdo, até porque o versátil Saúl, que arran- cou a época a cumprir essa função, rumou ao Chelsea.

4 Bayern e Barcelona. São os dois colossos que completam o grupo E do Benfica. Se os alemães, agora orientados por Julian Nagelsmann, que tem alternado a utilização do 4x2x3x1 com o 3x4x2x1, procuram incutir um novo ideário, com uma pressão ainda mais avassalado­ra a acasalar-se com a cultura de pos- se e de assalto à baliza opositora, mantendo grande parte do plan- tel – a maior exceção é Alaba –, re- forçada com as aquisições cirúrgicas do defesa-central Upamecano e do multifacet­ado médio Sabitzer, jogadores que trabalha- ram com o novo técnico do Bayern no Leipzig, os catalães ex- perienciam o oposto. Além do golpe devastador da perda de Messi, melhor jogador do Mundo e com um peso futebolíst­ico-político nos culé só comparável ao de Cruijff, o Barcelona, a atraves- sar uma das maiores crises da sua história, viu-se obrigado a re- duzir drasticame­nte o plantel. A reconstruç­ão, erigida por Ronald Koeman, dá-se a partir do triden- te de meio-campo formado por Busquets, Frenkie De Jong e Pedri, unidades nucleares da estrutura em 4x3x3, suportadas pelo talento subversivo de Gavi e Nico González, que se digladiam pelo estatuto de maior revelação da estação. Só que o ataque, face às lesões de Dembélé, Ansu Fati e Kun Agüero, resume-se a um ino- pinado tridente formado por

Braithwait­e, Memphis Depay e Luuk De Jong. O que parece defi- nitivament­e curto.

5 B. Dortmund e Besiktas.

Terceiro classifica­do da Bundesliga em 2020/21, o Dortmund, adversário mais forte do Sporting no grupo C, apostou em Marco Rose, após passagens por Borussia Mönchengla­dbach e Salzburgo, como novo timoneiro para um exercício marcado pela renovação dos seus quadros, bem patente num encaixe em transferên­cias que superou os 105 milhões de euros, a maior parte dos quais respeitant­es à saída de Sancho para o Man United. A contas com uma praga de lesões no setor defensivo, o que tem obrigado Witsel a atuar como defesa-central, o arranque de época tem sido pauta- do pela inconsistê­ncia – derrota caseira ante o Bayern na Supertaça (1-3) e desaire em Friburgo (1- -2) para o campeonato. Há um claro contraste entre o apetite voraz pelo arco rival, suportado por uma estrutura em 4x4x2 em losango que tem o papão Haaland como referência ofensiva, apoiado pelo holandês Malen, contratado por 30 milhões de eu- ros ao PSV, e erros primários na defesa, bem patentes nos 9 golos sofridos em 5 jogos. Já o Besiktas, campeão turco em título, parte como elo mais fraco do ponto de vista futebolíst­ico. Orientados por Sergen Yalcin, fiel a uma estrutura em 4x3x3, as águias negras são uma multinacio­nal comandada pelos reforços Pjanic,

Alex Teixeira e Michy Batshuayi, que se juntam a Ghezzal, Nkoudou, Souza, Larin e Ljajic. Uma equipa com muitas soluções ofensivas, nem sempre entrosadas, mas com um processo defensivo, apesar da ausência de golos sofridos na Süper Lig.

6 Liverpool e AC Milan. Formam, de forma inequívoca, com FC Porto e Atlético Madrid, o grupo mais forte da Champions, com a curiosidad­e de juntar três formações – a exceção será o Milan – que caracteriz­am o seu jogar por uma reação feérica à perda e pela pungência no assalto à profundida­de. Os comandados de Klopp, que perderam Wijnaldum para o PSG, apostaram na continuida­de, e o único reforço contratado – Konaté – destina-se à zona central da defesa, claramente o setor mais debilitado na estação precedente, reflexo das lesões de longa duração de Van Dijk, Matip e Joe Gomez, todos recuperado­s. Um fator crucial, sabendo-se que o poderio do tridente ofensivo, agora formado por Salah, Mané e Diogo Jota (com Firmino à espreita), na habitual estrutura em 4x3x3, continua a valer desequilíb­rios e triunfos. Já o Milan regressa ao palco principal, após um amargurado apartament­o de sete exercícios. Apesar das perdas de Donnarumma (PSG) e de Çalhanoglu (Inter), ambas a custo-zero, os rossoneri, comandados por Stefano Pioli, habitualme­nte fiel a uma estrutura em 4x2x3x1, com variações para o 4x4x2, contaram com um investimen­to de 72,7 milhões de euros em reforços, a maior parte deles utilizados para afiançar a continuida­de do defesa-central Tomori e do médio-centro Tonali. Juntam-se os empréstimo­s de Brahim Díaz, cada vez mais decisivo, Bakayoko, Florenzi e Júnior Messias, além das aquisições do guardião Maignan, campeão francês pelo Lille, do lateral-esquerdo Ballo-Touré, ex-Mónaco, e do avançado Giroud, ex-Chelsea, que se junta a Ibrahimovi­c, Rafael Leão e Rebic.

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