Record (Portugal)

Paulinho e o lobo

O QUE PRECISA DE FAZER PARA DEVOLVER OS MUITOS MILHÕES QUE O SPORTING INVESTIU NELE? ANTES DE TUDO, MANTER A CALMA E A AUTOCONFIA­NÇA. NÃO HÁ BONS PONTAS-DE-LANÇA SEM UM EGO TÃO ENORME COMO A CEGUEIRA PELA BALIZA

- Octávio Ribeiro Jornalista

Quem irá comprar as ações de Vieira? Caro Leitor, se calhar, à hora a que vai ler este texto, já se conhecerá a figura (singular ou coletiva) que decidiu avançar para a compra, dando lucro milionário ao ex-presidente do Benfica. Uma coisa será certa, se Rui Costa exercer o direito de preferênci­a, soprará polémica de um lado; se Rui Costa não exercer, a polémica soprará, mas de outro quadrante. Um presidente do Benfica não pode temer polémicas.

Viremo-nos para o terreno de jogo. O que precisa de fazer Paulinho para devolver a Rúben Amorim os muitos milhões que o Sporting investiu nele? Antes de tudo, manter a calma e a autoconfia­nça. Não há bons pontas-de-lança sem um ego tão enorme como a cegueira pela baliza.

Paulinho anda perdido no campo. Defende demasiado em zonas que não lhe cabe tamponar. Faz sprints que terminam com carrinhos defensi- vos absolutame­nte desajustad­os numa avaliação de custo-benefício. Nesse particular, Paulinho lembra uma má fase de Liedson, onde o extraordin­ário levezinho também se desgastava em terrenos sem nexo e depois ficava à míngua de golos. Paulinho tem de reservar as suas energias para as zonas de decisão. Que são qua- se as mesmas, quer a defender, quer a atacar, salvo nos lances de bola parada defensiva.

Tão essencial como o que o que já ficou escrito, Paulinho tem de parar com as simulações de pancadas dolorosas em cada lance dividido. O avançado em que o Sporting tanto investiu já tinha esta pecha em Braga. O defeito agravou-se com a passagem para o Sporting. Qualquer bola dividida, em que Paulinho esteja de costas para o ataque, acaba com este aos gritos e a rebolar-se no chão. Ora o que se pretende para Portugal é que se aproxime dos minutos de bola a rolar que ostentam as mais evoluídas ligas do globo. Os árbitros, os melhores, estão a batalhar por isso. Já Paulinho está no vergonhoso grupo dos que persistem em fazer exatamente o contrário. Pede faltas e faltinhas onde não há nada, nadinha. O que está Paulinho a conseguir com esta atitude? Está a desgastar a sua imagem ao ponto de, nos sítios que contam, os árbitros já não marcarem faltas que existem mesmo, salvo se forem de gritante evidência. É a velha história de ‘Pedro e o Lobo’.

Se Paulinho não eliminar os seus defeitos de correção simples (o péssimo jogo com o pé direito, somado com as correntes dificuldad­es de controlo espacial, mesmo quando a bola pede pé esquerdo, já não são passíveis de grande melhoria, aos 28 anos) tornar-se-á o pior investimen­to da era-Varandas.

Mas Paulinho ainda está muito a tempo de dar a volta a este texto.

AVANÇADO LEONINO TEM DE RESERVAR AS SUAS ENERGIAS PARA AS ZONAS DE DECISÃO

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EDUARDO DÂMASO
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RUI CALAFATE

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