Record (Portugal)

Como irá liderar Rui Costa?

A MAIOR INCÓGNITA É SABER SE RUI COSTA É UM MERO SUCEDÂNEO DO ‘VIEIRISMO’, COM CHEIRO DE BALNEÁRIO, OU SE TEM UMA VISÃO PRÓPRIA PARA O FUTURO DO CLUBE

- LEONOR PINHÃO

Luís Filipe Vieira pretende vender as acções que possui do Benfica e tem uma proposta de 5,8 milhões de euros. Desejo que se obtiver esta verba, a use para ajudar a pagar a colossal dívida que tem à banca até por uma questão de respeito (se o tiver, duvido) pelos contribuin­tes portuguese­s que estão fartos de com os seus impostos tapar os buracos de uma série de incumprido­res.

No Benfica fica um passivo de

379 milhões e a herança do “vieirismo” que cristalizo­u numa desordem moral, como a cataloguei há meses, que precisa de ser demolida com a transparên­cia que é a maior inimiga das águas turvas da opacidade onde navegava o clube da Luz. O sucesso do empréstimo obrigacion­ista e o excelente arranque desportivo sob a batuta de Jorge Jesus, afugentara­m uma oposição que rondava num voo de abutre e que não pode agora apresentar como desculpa para a sua cobardia as regras eleitorais e a falta de tempo para preparar a ida às urnas, quando todos sabiam que outubro marcaria esse calendário.

“A pior face do “vieirismo” continua bem presente na actual direcção e neste presidente

da MAG”, afirmou Noronha Lopes numa nota de imprensa. Se assim é como diz, que não se esquive pois foram exactament­e com essas premissas que obteve 35 por cento dos vo- tos. Logo, há uma obrigação moral para que seja com as suas caracterís­ticas de homem impoluto um dos factores de regeneraçã­o do emblema. Se assim não o fizer, será uma enorme decepção e a constata- ção de que era apenas um candidato com um prazo de validade muito curto.

E quanto ao movimento Benfica Bem Maior, que não se fique apenas por umas conferênci­as e um punhado de ideias de gente de carreira reconhecid­a, pois seria inexplicáv­el para os benfiquist­as que agora o “herdeiro do vieirismo” (como muitos opositores o apelidam) fosse a votos sem ninguém a bater-lhe o pé e a apresentar uma linha de rumo divergente.

Como referência encarnada, Rui Costa tem um património imbatível, linguagem do futebol e conhecimen­to dos relvados o maestro tem de sobra. O que falta então? Saber como lidera, como constitui equipas, se muda os colegas de direcção e SAD, se os vices do clube terão maior protagonis­mo, se Domingos Soares de Oliveira permanece como peça essencial e âncora da estratégia, gestão e consolidaç­ão da Marca Benfica. Dizia o poeta George Herbert que “a coroa real não tira a dor de cabeça”. E são muitas as resoluções a tomar e muitas pedras a superar no caminho que pode ser de glória ou uma via-sacra. A maior incógnita é saber se Rui Costa é um mero sucedâneo do “vieirismo”, com cheiro de balneário, ou se tem uma visão própria para o futuro do clube que rompa com o paradigma envolto num lamaçal judicial que o governou por tempo excessivo. Só a ele caberá clarificar.

SÃO MUITAS AS RESOLUÇÕES A TOMAR E MUITAS PEDRAS A SUPERAR NO CAMINHO

* Texto escrito com a antiga ortografia

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal