Uma porta que se abriu
O futebol português dá hoje um passo rumo a uma realidade desconhecida. Pela primeira vez, um jogo da Liga vai ser dirigido por um árbitro estrangeiro – neste caso, o francês Willy Delajod –, ao mesmo tempo que o Luís Godinho vai estar numa partida da Ligue 1. A troca de experiências pode ser interessante e enriquecedora, mas continuo com dúvidas sobre o caminho que aberto por esta porta, que será sempre difícil de voltar a fechar.
Antes de mais,
um árbitro que não domine a língua e cultura de um país terá sempre algumas dificuldades extra de comunicação, quer dentro de campo quer noutros detalhes – como, por exemplo, na identificação
NOMEAÇÃO DE ESTRANGEIRO SERÁ MAIS UMA ARMA DE ARREMESSO PARA A PROPAGANDA
de pessoas e elaboração de relatório. Nada que não se ultrapasse, obviamente, até porque será semelhante ao que acontece em jogos internacionais. Mas o maior risco é a perceção que isto vai dar a clubes e adeptos. Quer o jogo corra bem ou mal (e todos queremos que corra bem), haverá mais uma arma de arremesso das máquinas para as máquinas de propaganda, que irão ‘exigir’ árbitros estrangeiros como forma de ataque e pressão.
Não será, seguramente,
por falta de qualidade dos nossos árbitros que teremos agora um estrangeiro na Liga Bwin, da mesma forma que não será pela falta de qualidade dos árbitros em França que Luís Godinho vai estar na Ligue 1. Como experiência, pode ser interessante, mas tenho muitas dúvidas que os benefícios compensem o potencial ruído que isto venha a causar. Espero, como é óbvio, estar enganado.