Record (Portugal)

Uma porta que se abriu

- Luciano Gonçalves Presidente da APAF

O futebol português dá hoje um passo rumo a uma realidade desconheci­da. Pela primeira vez, um jogo da Liga vai ser dirigido por um árbitro estrangeir­o – neste caso, o francês Willy Delajod –, ao mesmo tempo que o Luís Godinho vai estar numa partida da Ligue 1. A troca de experiênci­as pode ser interessan­te e enriqueced­ora, mas continuo com dúvidas sobre o caminho que aberto por esta porta, que será sempre difícil de voltar a fechar.

Antes de mais,

um árbitro que não domine a língua e cultura de um país terá sempre algumas dificuldad­es extra de comunicaçã­o, quer dentro de campo quer noutros detalhes – como, por exemplo, na identifica­ção

NOMEAÇÃO DE ESTRANGEIR­O SERÁ MAIS UMA ARMA DE ARREMESSO PARA A PROPAGANDA

de pessoas e elaboração de relatório. Nada que não se ultrapasse, obviamente, até porque será semelhante ao que acontece em jogos internacio­nais. Mas o maior risco é a perceção que isto vai dar a clubes e adeptos. Quer o jogo corra bem ou mal (e todos queremos que corra bem), haverá mais uma arma de arremesso das máquinas para as máquinas de propaganda, que irão ‘exigir’ árbitros estrangeir­os como forma de ataque e pressão.

Não será, segurament­e,

por falta de qualidade dos nossos árbitros que teremos agora um estrangeir­o na Liga Bwin, da mesma forma que não será pela falta de qualidade dos árbitros em França que Luís Godinho vai estar na Ligue 1. Como experiênci­a, pode ser interessan­te, mas tenho muitas dúvidas que os benefícios compensem o potencial ruído que isto venha a causar. Espero, como é óbvio, estar enganado.

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