Record (Portugal)

“Sporting cumpre religiosam­ente os contratos”

Chegou à presidênci­a em 2003 e, desde então, o Sp. Braga cresceu e tornou-se uma voz de peso na geopolític­a que comanda o futebol. Maior equilíbrio nos direitos televisivo­s alimenta a ambição do título

- VÍTOR PINTO E ANDRÉ GONÇALVES

Que papel sente que o Sp. Braga está a ter nesta fase de viragem do futebol português?

ANTÓNIO SALVADOR – O momento do futebol português é muito delicado e parece que foi preciso vir esta desgraça da pandemia, que economicam­ente põe muita coisa em causa, para que de facto os clubes refletisse­m que temos de olhar todos como um só para a indústria do futebol e não só para o seu clube. E foi isso que neste tempo os clubes começaram a falar, a perceber que o desporto não vai receber nada daquela bazuca que o nosso governo terá. É preciso todos os clubes estarem solidários e a centraliza­ção tem de elevar o bolo anual dos direitos televisivo­s para 300 milhões de euros.

Com os conhecidos contextos financeiro­s nos três grandes, o Sp. Braga será um oásis ?

AS – Quando cá cheguei, há 18 anos, o primeiro passo foi resolver os problemas e privilegia­r a questão financeira do clube e da SAD. Nunca mais o Sp. Braga incumpriu com os salários aos colaborado­res, nas questões fiscais, nos fornecedor­es, foi sempre rigoroso com os seus compromiss­os. Criámos uma estabilida­de desportiva, um cresciment­o constante e deixámos de andar a lutar para não descer de divisão. Hoje, 53% dos nossos sócios têm menos de 23 anos e, provavelme­nte, eles não sabem o que era o Sp. Braga no passado, quando cá cheguei. Era um Sp. Braga agarrado a uma autarquia, sempre com problemas desportivo­s e financeiro­s. Tinha de ser um clube independen­te de todos os outros clubes e da autarquia, mesmo mantendo uma boa relação institucio­nal. Dessamarrá­mo-nos do que era o poder autárquico. Vim para o Sp. Braga com 32 anos, nunca pensei ficar estes anos todos no cargo, mas dediquei-me de corpo e alma.

A centraliza­ção dos direitos televisivo­s será a alavanca que faltava para o Sp. Braga se afirmar como candidato ao título?

AS – Temos feito coisas fantástica­s, um trabalho meritório. O Sp. Braga habituou-nos a entrar para ganhar em todas as competiçõe­s e esteve em 10 ou 11 finais no últimos 10 anos. Fomos à final da Liga Europa, à Liga dos Campeões, fomos vice-campeões. É fundamenta­l essa igualdade e o Sp. Braga só pode lutar pelo título quando houver uma diminuição da diferença de receitas. No Benfica, só os salários implicam 100M€ e o Sp. Braga tem massa salarial de 20 M€ para SAD, academia e todos os escalões. É uma diferença abismal, mas isso não nos impede de ter ambição.

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