Record (Portugal)

Não queimem o ‘menino Nuno’

- PAULO FUTRE

çVêm aí as competiçõe­s europeias. É impossível apurarem-se todos para a fase a eliminar, não é? RUI AMARAL, TAVIRA

Rui, durante toda a minha carreira, só existia esta palavra: ganhar. Podia dar-te um sem fim de exemplos, mas dou estes dois. Em 1985/86, nos oitavos-de-final da então Taça dos Campeões, estava no FC Porto e tocou-nos o Barcelona de Schuster e companhia. Na primeira mão, em Camp Nou, saímos vivos apesar da derrota por 2-0, mas os culés ainda hoje não sabem como saíram depois eles vivos das Antas. Igualámos a eliminatór­ia e tivemos várias ocasiões para fazer o 3-0, mas a bola não quis entrar. Na única oportunida­de, eles fizeram 2-1. Ainda marcámos o 3-1, mandei uma bola à trave e fomos eliminados, mas demos um banho de bola àquela equipa que nos ia humilhar. Anos depois, o clube que saiu na rifa ao meu Atlético de Madrid foi o Manchester United, a grande equipa dos red devils de Schmeichel, Pallister, Ince, Mark Hughes e outros craques. O primeiro jogo seria no Vicente Calderón e no dia seguinte entrei no balneário a gritar: “Vamos golear e passar a eliminatór­ia em 90 minutos. Em nossa casa, mandamos nós.” Ganhámos 3-0 e o autêntico diabo da noite fui eu, com dois golos. No Teatro dos Sonhos, empatámos 1-1 e o golfinho comeu o tubarão. Se hoje a UEFA autorizass­e cada equipa a poder utilizar durante dois minutos um veterano de 55 anos e se eu fosse convocado para jogar por Sporting, FC Porto ou Benfica, a primeira coisa que dizia quando chegasse ao balneário era que nunca joguei para empatar nem para o pontinho. Não era agora que isso ia acontecer. Se não facilitarm­os e não cometermos erros estúpidos, com o nosso público a empurrar-nos, será quase impossível que percamos pontos em casa nestes três jogos. Além disso, com um empa- te fora pode ser muito possível terminarmo­s em segundo ou mesmo primeiro do grupo, com 10 pontos. Rui, o fator casa é sem- pre importante e os três jogos como visitado têm que ser encarados como finais. Todos esses pontos podem ficar em Portugal. Dentro de poucos dias, os clubes portuguese­s têm a sua

primeira grande batalha na Europa e desejo muita força aos quatro.

+As contas do último exercício do Benfica apresentam um prejuízo de mais de 17 milhões de eu- ros. Não considera, Paulo, este valor inquietant­e? BERNARDO RODRIGUES, PORTO

Bernardo, a Covid-19 foi um pe- ríodo de violência extrema para todos os clubes. Não só ao nível das finanças, mas também da incerteza sobre quando a competição poderia voltar a parar, sem esquecer um mercado que, em países como o nosso, mexeu muito menos du- rante esta pré-época. Estamos sempre dependente­s dos gran

des negócios feitos nos merca- dos mais ricos (inglês, alemão, francês e espanhol, este último muito controlado pelo fair-play financeiro de La Liga) para podermos realizar grandes vendas e equilibrar as con- tas. Tem sido esse o modelo de negócio assumido pelos clubes portuguese­s desde há muito tempo a esta parte. Mas se não mexe em cima (e neste mercado mexeu pouco), torna-se tudo mais difícil. É o tal efeito dominó. Por outro lado, à partida para a última época, o Benfica fez, como sabemos, o maior investimen­to da sua história e mesmo assim falhou o acesso à Champions. A partir daí, não seria surpreende­nte que os números pudessem vir a ser negativos. Mas, mesmo sendo esta uma situação que merece algum cuidado e acompanham­ento, também não é o fim do mundo. O Benfica nesta época já entrou na Champions, tem um plantel forte, com vários elementos a valorizare­m-se, e o poder de compra dos dinossauro­s também aumentou. Uma boa campanha na Liga dos Campeões, encorpado com uma boa venda, serão o suficiente para transforma­r resultados negativos em positivos. Mas tudo isto são ainda mazelas da Covid-19.

+Portugal tem condições para marcar presença na fase final do Mundial? MÁRIO DA SILVA JESUS, ODIVELAS

Portugal é líder isolado do seu grupo e até podia ter uma vantagem maior, não fosse aquele escândalo na Sérvia a tirar-nos a vitória. Estamos no caminho certo e com tudo. Com o devido respeito pelas outras seleções do grupo, o nosso nível é muito superior. Entramos em campo com jogadores do Man. United, Man. City, Liverpool, Leipzig, Benfica, FC Porto, Sporting, PSG, Atl. Madrid e Dortmund, entre outros. São jogadores que brilham ao mais alto nível nos melhores campeonato­s da Europa. Não vamos golear nem esmagar sempre, mas estamos a fazer mais do que os adversário­s para ganhar os nossos jogos. Em outubro e novembro vêm aí mais três finais e vamos jogo a jogo, como o grande Fernando Santos nos tem mostrado. Com respeito, mas com vontade de voltarmos a mostrar que somos melhores e queremos o primeiro lugar. Muitas seleções também fortes gostariam de estar na nossa posição, como a de Espanha, por exemplo. Estamos a fazer uma campanha imaculada e o Mundial está aí à porta.

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