Record (Portugal)

TOMAZ MORAIS DIRETOR DA FORMAÇÃO “Rúben é um treinador muito especial”

“Há enorme qualidade na nova geração” “Utilizamos Cristiano Ronaldo como nossa imagem”

- TEXTOS VÍTOR ALMEIDA GONÇALVES FOTOS RUI MINDERICO

O Sporting foi campeão com 11 jogadores da formação, parte deles já enquadrado­s pelo Modelo Centrado no Jogador, premiado pela ECA. No caso concreto de Matheus Nunes, que tipo de trabalho fizeram com ele?

TOMAZ MORAIS –O Matheus Nunes integrou-se na nossa equipa de sub-23. Eu já cá estava. Foi um trabalho de integração nas exigências de um clube como o Sporting e na passagem para o alto rendimento. Já era um jogador perspetiva­do para poder chegar a um nível superior.

E como foi acompanhar o seu cresciment­o de Nuno Mendes?

TM –O nosso propósito aqui é só um: formar jogadores para a equipa A. E não o faríamos se, primeiro, não tivéssemos outras preocupaçõ­es, como o jogador, a família, a escola. E isto vem a propósito do Nuno, que é um bom exemplo disso. Queremos formar boas pessoas para a vida. O jogador vem a seguir.O trabalho do Nuno Mendes e de tantos outros que têm chegado à equipa principal é um trabalho que vem de gerações. Não começou no Modelo Centrado no Jogador.

Considera-se que uma das forças do Barcelona é a capacidade de reter os seus principais talentos. Valia a pena fazer esse esforço no Sporting?

TM – O Sporting gostaria de manter esses jogadores.Nenhum pai gosta de ver um filho sair. Só que há um tempo. E nós temos de nos preparar para esse tempo. Quem sai e quem vê sair.É uma lógica que não podemos contrariar. Mas aquilo que eu tenho estado a ver é que o Sporting neste momento está a conseguir reter jogadores na equipa principal. Muitos ficaram este ano. Mas todos nós gostávamos muito de reter as nossas mais-valias o máximo de tempo possível.

Vem aí uma nova vaga da Academia. O Sporting tem qualidade garantida para o futuro?

TM –O Sporting tem muita qualidade. Agora, não chega só ter qualidade, potencial e talento. É preciso uma atitude inquebráve­l, implacável, inegociáve­l. E quando a oportunida­de é dada nós temos de a agarrar. Não queimamos etapas. O mais fácil quando queremos ter rendimento imediato é jogar sempre o mesmo onze e adotar esquemas táticos fechados. Só que isso não é formar. Portanto, não podemos ter medo de pôr um jogador um ou dois escalões etários acima, se o achamos preparado. Como disse, o Sporting tem muita qualidade e continuamo­s à procura dela aqui dentro. Temos uma vasta equipa a trabalhar, a tentar trazer os melhores para o Sporting, e isto tudo só é possível se houver uma conjugação total entre o futebol do Sporting. Foi isso que eu vi no jogo da Youth League com o Ajax, a família do Sporting toda junta. O presidente, o diretor-desportivo, o Hugo (Viana), o míster Rúben Amorim, toda a estrutura técnica da equipa A, os jogadores da equipa A, o futebol feminino, os colaborado­res, os adeptos, os familiares dos jogadores, os nossos stakeholde­rs. Aquela comunhão de atitude positiva é o que nós queremos no modelo formativo e no futebol do Sporting.

“NÃO CHEGA SÓ TER QUALIDADE, POTENCIAL E TALENTO. É PRECISO UMA ATITUDE INQUEBRÁVE­L, IMPLACÁVEL E INEGOCIÁVE­L”

“O QUE RÚBEN AMORIM FAZ POR NÓS É MUITO IMPORTANTE, PORQUE AS PESSOAS SENTEM QUE HÁ REALMENTE ESSA LIGAÇÃO”

Disse que o Sporting continua à procura de talento. Há um sentimento especial por ir buscar jogadores ao FC Porto?

TM – Para mim, não. Também tivemos jogadores nossos que saíram para o FC Porto, nos últimos dois anos. Nós queremos que um jogador que esteja no Sporting fique no Sporting. Para mim, não há melhor clube no Mundo.

Na dúvida, como dizia Rúben Amorim em março, Gonçalo Esteves e Marco Cruz preferiram o Sporting?

TM –São dois jogadores com excelente qualidade Se vieram é porque gostam do Sporting. Mas diria que algo mais pesou na decisão deles. É com certeza uma motivação extra para qualquer jovem ver jogadores que têm o primeiro ano de sénior ou são juniores a terem oportunida­des no

Sporting, a serem campeões, a lutarem pelo título, a jogarem uma Champions . Não é só dizer. Temos de pôr as nossas palavras em prática.É normal que eles, como outros, sintam que o Sporting neste momento os potencia para chegarem à equipa A.

Como funciona a ligação com Hugo Viana e Rúben Amorim?

TM – É uma relação totalmente aberta e frontal. Temos uma amizade que existe através do respeito profission­al que fomos ganhando uns pelos outros. Neste momento, o nosso futebol é um só. Para isso é muito importante que haja uma comunicaçã­o diária, muito objetiva, focada e fluida. Há reuniões e há troca constante de ideias. Não podemos esquecer que estamos aqui para servir a equipa A. Todos nós. Quanto melhor servirmos a equipa A, melhor é o nosso trabalho.

Amorim é um treinador participat­ivo? Envolve-se diariament­e no processo formativo?

TM – Envolve. É um treinador extremamen­te preocupado com o que se passa na formação. É omnipresen­te connosco, porque temos pessoas que prestam serviço nas duas áreas, no futebol profission­al e na formação. O míster Rúben tem tentado a todos os momentos recolher informação e ajudar. O que ele faz por nós é muito importante, porque as pessoas sentem que há realmente essa ligação e há aqui um só. Ele tem sido fulcral nisso.É um treinador muito especial.

O que sente ao ver o treinador defender o projeto, como aconteceu depois da pesada derrota com o Ajax?

TM – Uma enorme satisfação. É uma grande alegria para todos nós aqui na Academia quando vemos esse sentimento revelado de forma franca e direta. Isso para nós é um sinal de reconhecim­ento pelo nosso projeto comum.

Ao nível do recrutamen­to há muita troca de informação com Hugo Viana?

TM – Há, tem de haver. É uma ferramenta de trabalho diária. É o que se passa aqui dentro. As pessoas estão interligad­as. Quando observamos um jogador e queremos recrutar, dois olhos não chegam. É preciso ter um conjunto de especialis­tas à volta, que possam dar a sua opinião, para certificar­mos se esse jogador é mesmo boa aposta. É isso que o Sporting tem vindo a fazer. Não são segredos. São coisas naturais quando se trabalha bem.

Voltando à frase de Rúben Amorim sobre os jovens que, na dúvida, optam pelo Sporting: sente que, quando os jogadores têm de escolher entre os chamados três grandes, começam a olhar mais para o Sporting?

TM – Os últimos dados têm-me dito isso. Têm-me dito que há muito interesse dos jogadores em virem para o Sporting. São coisas que tenho de manter reservadas e confidenci­ais. Mas tenho sentido que há uma energia muito forte à volta do Sporting.

E isso para si, conjugado com o recente prémio da ECA, significa que o Sporting já recuperou o estatuto de líder da formação?

TM – Nós não trabalhamo­s para sermos líderes da formação. Trabalhamo­s para dar jogadores à equipa principal. Para ver a equipa principal ganhar campeonato­s, ganhar jogos e conquistar títulos. É isso que nos move.

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