Record (Portugal)

“RECEBI MENSAGENS DE ADEPTOS A AGRADECER, MAS DISSE QUE ESTAVAM ERRADOS. NÃO FIZ FAVORES A NINGUÉM”

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esse e até fiquei no onze da Liga.

Na época seguinte tem um momento polémico, quando falha o penálti no Dragão. Como lidou com tudo o que se disse? JM – Ninguém pode dizer que eu vendi os meus valores por sentimento­s. Não aconteceu nunca na minha vida nem no futebol. Por isso é que em muitos lados não fui aceite. Foi um momento duro, para mim e para a saúde do futebol português, digamos assim. Para mim foi duro porque falhei num momento em que a equipa precisava de mim. Foi uma grande falha. Nessa altura, recebi muitas ameaças, mas não me preocupei muito com isso. Se me magoou? Sim. Magoou-me porque era jogador do Portimonen­se nesse momento e falhar, contra o FC Porto ou qualquer outra equipa, dói da mesma forma.

Recebeu muitas mensagens? JM – Recebi até de adeptos do FC Porto, como que a agradecere­m o que eu fiz. Mas isso eu também não aceitava. Tratava logo de deixar claro que estavam errados, que era profission­al e que aquela falha não foi para fazer favores a ninguém. Estive em Portugal três anos antes disso e nesse período, mesmo nos jogos de maior rivalidade, nunca tive atitudes de desrespeit­o com adeptos de outras equipas. Nunca festejei para eles, nada. Vivo o futebol, mas isso não me dá o direito de ofender outras equipas. Por isso, foi um momento difícil. Foi o único jogo em que nenhum colega me podia dizer nada. Fiquei muito chateado por falhar. Mas não tenho a consciênci­a suja. Isso é das piores coisas que se pode ter. Quando fazemos algo errado, isso vive connosco sempre, passem cinco ou dez anos. Se eu tivesse sido desonesto, tinha saído logo a correr de Portugal. Neste caso, fico tranquilo, apesar de ter sido um momento triste para mim. Já passou, acabou ali e pronto.

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