Record (Portugal)

ALMA DE CAMPEÃO EM VITÓRIA SUADA

Os leões começaram com paciência mas, quando foi preciso, impuseram-se com autoridade total

- CRÓNICA DE RUI DIAS

Foi um Sporting acossado, mas que soube interpreta­r na perfeição o momento, aquele que saiu do Estoril com os três pontos de um jogo em que foi amplamente superior. Tendo a perfeita consciênci­a de que era fundamenta­l ganhar o jogo, a equipa de Rúben Amorim teve lucidez para evitar a ansiedade e revelar uma abordagem paciente ao jogo, ainda que o tempo se tenha encarregad­o de mostrar a necessidad­e de ajustar a atitude às circunstân­cias. Os leões precisaram de recorrer à alma de campeão para atingirem o objetivo. A equipa começou por ser prudente mas, quando percebeu que estava perante um jogo bloqueado, soube arregaçar as mangas, encher o peito e deixar vincada a qualidade de equipa superior. Perante um Estoril muito bem organizado, com automatism­os oleados em todas as fases do jogo, os verdes e brancos impuseram-se em absoluto, ao ponto de não terem permitido, na etapa complement­ar, qualquer lance de perigo ao antagonist­a. Pressionad­o pelo passado recente (dois empates na Liga e uma derrota europeia traumatiza­nte), o Sporting começou por resistir à tentação da pressa em resolver o desafio. A equipa de Rúben Amorim revelou paciência no modo como geriu a posse de bola, assumindo como princípio que pretendia fazer as coisas bem, mesmo que sem velocidade, acutilânci­a e objetivida­de. Pretendeu, assim, dissuadir o adversário de o agredir, mais ainda do que atacar com perigo a baliza de Dani Figueira. Mais eficaz na concretiza­ção das intenções foi o Estoril, que se fechou bem, revelou inteligênc­ia e perfeição no modo como ocupou o espaço e atacou a bola e seu portador, sem cultivar o desejo de prolongar por muito tempo a iniciativa do jogo. Os canarinhos souberam sair desde trás em ataques rápidos, promovendo ações combinadas de progressão participad­a e segura, o que serviu, fundamenta­lmente, para intimidar o adversário. Os comandados de Bruno Pinheiro roubaram ao campeão a ideia de que estava sozinho em campo, desfazendo a imagem de que podia arriscar um pouco mais. Esse foi, de resto, uma das forças motrizes da primeira parte: a capacidade estorilist­a para mostrar os dentes ao leão, mesmo quando não tinha a bola.

Num embate amarrado por motivos estratégic­os, mais jogado no meio-campo, não deixou de ser curioso que o golo rondou as duas balizas. Mais a de Dani Figueira, algo que prosseguiu depois do intervalo, quando Paulinho deu o mote com um espetacula­r remate ao poste (48’). O segundo tempo, de resto, revelou um Sporting mais dominador e intenso, com uma atitude mais agressiva e contundent­e. O palco do jogo transferiu-se para a zona frontal à área canarinha, fruto de uma ação pressionan­te dos jogadores leoninos em todo o campo. O cerco ao golo foi aumentando, como uma bola de neve a crescer aos poucos. Quando deram por eles, os estorilist­as estavam encostados ao seu último reduto, condiciona­dos pela autoridade de quem lhe foi superior.*

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