Os bancos do nosso descontentamento
Os tecnicamente chamados ‘bancos de suplentes’, mas que, como sabemos, são muito mais do que isso, tornaram-se focos de desestabilização permanente dos jogos, com constrangimento sistemático das equipas de arbitragem – pelo que decidem e pelo que não decidem – para não falar de clubes, que apresentam coreografias de contestação já muito elaboradas.
A intervenção que elementos dos bancos
assumem durante os jogos é, a meu ver, intolerável, não só porque absolutamente ilegal, como ainda por constituir fator direto e imediato de intimidação.
O art.º 61.º do Regulamento das Competições da Liga
fixa a composição dos bancos, admitindo a que neles se sentem dois delegados ao jogo, três treinadores, dois elementos da equipa médica e, agora com o Covid, nove jogadores suplentes. Ou seja, um total de dezasseis pessoas!
Tenho dificuldade de descortinar o racional
de haver dois delegados e três treinadores, mas o futebol tem mistérios insondáveis, que não são para perceber. Depois há ainda o banco suplementar (n.º 4 do art.º 60.º do Regulamento), onde são autorizados a sentar-se mais cinco pessoas. Estamos, pois, a falar de 21 pessoas, por cada conjunto de bancos. Por outras palavras 42 agentes, na orla do relvado.
Em meu entender, há duas questões que urge
retificar, para acabar, de uma vez por todas, com os deprimentes espetáculos, que o folclore dos bancos semanalmente proporciona.
A primeira é da localização. Estando os bancos
situados perto da linha lateral, a sua proximidade com a equipa de arbitragem é um convite à sua permanente desautorização, além de que propicia as invasões sistemáticas de campo. Tal como no Covid, impõe-se
UM TREINADOR, UM DELEGADO E UM MÉDICO SÃO MAIS DO QUE SUFICIENTES
distanciamento social e nada melhor do que olhar para Inglaterra e agora França, onde o banco de suplentes está instalado nas primeiras filas da bancada, longe de tentações intervencionistas.
A segunda é da composição. Roupeiros,
treinadores de guarda-redes, técnicos de dados e toda essa santa gente que, por razões impenetráveis, se senta no banco suplementar deveriam ser recambiados para a bancada ou áreas técnicas. Um treinador, um delegado e um médico, juntamente com os jogadores são mais do que suficientes.
Vão por mim, se este esquema
for adotado, o ambiente ficará muito mais respirável.