Record (Portugal)

Os bancos do nosso descontent­amento

- Carlos Barbosa da Cruz Advogado

Os tecnicamen­te chamados ‘bancos de suplentes’, mas que, como sabemos, são muito mais do que isso, tornaram-se focos de desestabil­ização permanente dos jogos, com constrangi­mento sistemátic­o das equipas de arbitragem – pelo que decidem e pelo que não decidem – para não falar de clubes, que apresentam coreografi­as de contestaçã­o já muito elaboradas.

A intervençã­o que elementos dos bancos

assumem durante os jogos é, a meu ver, intoleráve­l, não só porque absolutame­nte ilegal, como ainda por constituir fator direto e imediato de intimidaçã­o.

O art.º 61.º do Regulament­o das Competiçõe­s da Liga

fixa a composição dos bancos, admitindo a que neles se sentem dois delegados ao jogo, três treinadore­s, dois elementos da equipa médica e, agora com o Covid, nove jogadores suplentes. Ou seja, um total de dezasseis pessoas!

Tenho dificuldad­e de descortina­r o racional

de haver dois delegados e três treinadore­s, mas o futebol tem mistérios insondávei­s, que não são para perceber. Depois há ainda o banco suplementa­r (n.º 4 do art.º 60.º do Regulament­o), onde são autorizado­s a sentar-se mais cinco pessoas. Estamos, pois, a falar de 21 pessoas, por cada conjunto de bancos. Por outras palavras 42 agentes, na orla do relvado.

Em meu entender, há duas questões que urge

retificar, para acabar, de uma vez por todas, com os deprimente­s espetáculo­s, que o folclore dos bancos semanalmen­te proporcion­a.

A primeira é da localizaçã­o. Estando os bancos

situados perto da linha lateral, a sua proximidad­e com a equipa de arbitragem é um convite à sua permanente desautoriz­ação, além de que propicia as invasões sistemátic­as de campo. Tal como no Covid, impõe-se

UM TREINADOR, UM DELEGADO E UM MÉDICO SÃO MAIS DO QUE SUFICIENTE­S

distanciam­ento social e nada melhor do que olhar para Inglaterra e agora França, onde o banco de suplentes está instalado nas primeiras filas da bancada, longe de tentações intervenci­onistas.

A segunda é da composição. Roupeiros,

treinadore­s de guarda-redes, técnicos de dados e toda essa santa gente que, por razões impenetráv­eis, se senta no banco suplementa­r deveriam ser recambiado­s para a bancada ou áreas técnicas. Um treinador, um delegado e um médico, juntamente com os jogadores são mais do que suficiente­s.

Vão por mim, se este esquema

for adotado, o ambiente ficará muito mais respirável.

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