MATATEU UM FENÓMENO SEM PARALELO
Saiu em ombros das Salésias, após vitória sobre o Sporting (4-3), com dois golos seus. Estava lançado o mito
Foi a 23 de setembro de 1951 que teve início uma das histórias mais incríveis e fascinantes do futebol português. Nesse dia de festa, em que o Belenenses completava 32 anos de existência, os azuis viram pela primeira vez em ação o génio que viria a transformar-se no maior símbolo da já centenária história do emblema da cruz de Cristo. A partir da vitória sobre o Sporting (4-3), com dois golos da sua autoria, o país teve a certeza de que estava mais rico: passara a ter Matateu, um dos primeiros fenómenos esmagadores
O BELENENSES FESTEJAVA O 32º ANIVERSÁRIO, NA TARDE EM QUE VIU PELA PRIMEIRA VEZ O MAIOR SÍMBOLO DA SUA HISTÓRIA
que o futebol deu à sociedade nacional. Nunca, antes ou depois, um jogador fora dos três grandes foi tão longe no conceito global do seu talento futebolístico, mas também na expressão de uma popularidade esmagadora, que o tornou figura maior na década de 50. Frente ao Sporting, Matateu mostrou logo as credenciais de um incrível futebolista e de um goleador lendário. A sua exibição foi tão exuberante que, consumado o triunfo, os adeptos levaram-no em ombros pelo relvado das Salésias. Marcara dois golos (o da vitória aos 88 minutos) e, mais importante, conquistara o coração do povo. Mal sabia o Sporting que, naquela tarde azul, lançava o tetra da sua história. E mal sabia o enorme João Azevedo, mítico guarda-redes leonino, que não voltaria a jogar na 1.ª Divisão pelo Sporting - no domingo seguinte, com a Académica, o treinador Randolph Galloway deu definitivamente o posto a Carlos Gomes.
Aos 24 anos, Matateu iniciou uma história ímpar, imensa e eterna. Poucos foram tão deslumbrantes na primeira aparição no grande palco.
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