Grandes maratonas regressam em força
Após a longa paragem, Berlim e Londres deram o tiro de partida para uma fase muito preenchida
Quase dois anos depois, as grandes maratonas (as chamadas Majors) voltaram à estrada e com a participação massiva de atletas populares – afinal de contas, são eles quem torna estas provas em megaeventos globais. A última tinha sido em novembro de 2019, em Nova Iorque. A primeira no pós-pandemia foi há duas semanas, em Berlim, e a segunda há uma, em Londres. Record esteve no antes e no depois e conta-lhe o que mudou. Na verdade, as mudanças observadas foram pontuais e todas provocadas pela pandemia. Pelotões algo mais reduzidos, uma maior separação na partida das vagas ou simplesmente um cuidado maior nos momentos de contacto direto, como a Expo ou os abastecimentos durante a prova, isto para lá das regras básicas que todos neste momento seguimos – utilização de máscara, desinfeção das mãos, etc. Pequenos retoques, aqui e ali, que aos mais desatentos nem se fariam notar. O ambiente de grande corrida estava lá e para quem passou meses sem sentir estas vibrações, sem sentir o friozinho na barriga de uma zona de partida, foi efetivamente um momento único.
Berlim no arranque
O começo da época de Majors ficou a cargo de Berlim, num dia em que ia ser colocado à prova o estatuto de maratona mais rápida do Mundo. Tudo estava alinhado para tal, a começar pela presença de Kenenisa Bekele, mas as condições meteorológicas, com demasiado calor, comprometeram os resultados. O tempo do vencedor – o etíope Guye Adola, com ‘apenas’ 2:05:45 – diz bem da jornada complicada que os corredores enfrentaram, tanto os da frente como todos os outros. Mas nem isso estragou o dia. O primeiro dia do resto da vida do ‘running’ popular, arriscamos dizer.
Para correrem ali – num pelotão com mais de 120 portugueses –, todos tiveram de apresentar um certificado de vacinação ou teste PCR negativo, recebendo em seguida uma pulseira identificativa. Só com esse adereço podiam entrar no recinto do evento no domingo, tendo todos sido obrigados a levá-la até à meta, onde lhes garantiria a entrega da tão desejada medalha. Outro dado a destacar passou pela zona de partida, na qual os corredores mantiveram uma distância relativamente segura, ainda que a organização nem o tenha exigido ou pedido. Quando há civismo tudo se torna mais fácil...
Tudo como dantes?
Uma semana depois, em Londres, tudo pareceu como em 2019. Cerca de 40 mil corredores apresentaram-se à partida, para uma prova na qual, confessaram alguns dos portugueses presentes – foram pouco mais de 50 –, pouco ou nada diferiu do passado. Na verdade, ao contrário de Berlim, aqui não houve exigência de qualquer prova de vacinação ou de teste prévio para aceder à prova, já que para entrar no Reino Unido isso já é algo obrigatório. De resto, tudo na mesma, com largos milhares de aficionados a encherem as ruas de Londres, num cenário que terá arrepiado certamente praticamente todos os atletas. Cumpridas as primeiras Majors, a ação segue já hoje, com a Maratona de Chicago, um dia antes de Boston também levar para a rua aquela que é vista por muitos como a mais emblemática prova do circuito. A fechar o programa, dentro de três semanas, 42 dias depois de Berlim, estará a Maratona de Nova Iorque, que marcará o fecho de um dos segundos semestres mais animados e entusiasmantes do mundo da corrida. E, a 5 de dezembro, há ainda Valência para acabar o ano. Será um final de 2021 de emoções fortes, antes de em 2022 tudo voltar ao normal. Esperemos...
CUMPRIDAS ESTAS AS PRIMEIRAS DUAS MAJORS, A AÇÃO SEGUE JÁ HOJE COM A PROVA DE CHICAGO, E AMANHÃ É A VEZ DE BOSTON