Record (Portugal)

“Sem Mário Wilson não estaria aqui”

TONI GRATO

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Que diferenças regista na FPF entre o seu tempo como jogador e o atual?

T – Sabem, eu recordo-me da Praça da Alegria, sede da FPF durante anos, olho agora para a Cidade do Futebol e vejo as diferenças. Não se pode comparar o incomparáv­el.

JC – Eu ainda apanhei a sede da Praça da Alegria como centro nevrálgico da FPF...

T – Hoje, para lá dos talentos que vão surgindo, são as infraestru­turas que suportam e a impulsiona­m todo o futebol, desde os sub-15 aos seniores, para lá do futsal e do futebol de praia, em todos os escalões, femininos e masculinos. Não é por acaso que, neste século, Portugal esteve presente em todas as fases finais de Mundiais e Europeus o que, antes, só acontecia de uma forma esporádica.

O Toni passou ainda muito tempo como adjunto...

T – Tive uma primeira oportunida­de de assumir a equipa, depois da saída de Eriksson, em 1984. Veio o senhor Ivic, que partiu antes mesmo de começar a época, e fui convidado. Achei que não estavam reunidas as condições para aceitar. A oportunida­de renasceu mais tarde, para substituir Ebbe Skovdahl, e nessa altura aceitei, com a noção de que era esse o momento. Fomos à final da Taça dos Campeões e na época seguinte fomos campeões. Depois o clube promoveu o regresso de Eriksson e aceitei voltar a adjunto – há coisas que, vistas à distância, parecem não fazer sentido e esta é uma delas, mas enfim… se fosse hoje provavelme­nte não aceitei. Quem mais o marcaram?

R – Um acima de todos, sem o qual não estaria aqui: Mário Wilson. O capitão marcou a história da minha vida, porque me levou para a Académica e pelo exemplo em que se tornou para mim. Ele era a imagem do treinador, nos três fatores que o definem: conhecimen­to, liderança e comunicaçã­o. Há muitos que têm essas qualidades mas ele tinha-as em doses extraordin­árias. Também tive Jimmy Hagan, que usufruiu de um dos melhores plantéis que o Benfica teve na sua história, Pavic, John Mortimore e principalm­ente Eriksson, com quem mantive um relacionam­ento muito próximo.

Jorge, quem são os seus Mário Wilson e Eriksson?

JC – Não tenho coragem de dizer, porque acho que vou ser injusto. Tive muitos treinadore­s e de todos tirei algo positivo e negativo. Se fosse referi-los ia esquecer-me de alguém. Sei que estavam à espera de um ou outro nome, mas ao nível a que joguei cruzei-me com gente com muita qualidade e não quero ser injusto.

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