Sem vermelho, nas contas
A SAD azul e branca apresentou as contas do último exercício de 2020/2021. As notícias são francamente positivas (dados os tempos que vivemos), mas não deixarei de fazer alguns alertas mais à frente.
Obter resultados positivos de 33,4 M€ num ano de pandemia, quando todos os outros grandes clubes apresentaram resultados negativos, é obra. Este valor foi conseguido sobretudo à conta de duas rubricas, o valor ganho na edição da Liga dos Campeões que levou o Porto até aos quartos-de-final contra o Chelsea (73,74 M€) e com a venda do passe de jogadores (74,9M€).
Os valores destas receitas neste exercício foram absolutamente excecionais, razão pela qual a SAD tem de desenvolver mais esforços para resolver a grave condição financeira do Porto. Muito dificilmente, e no corrente ano, repetirá o valor ganho no ano transato na Liga dos Campeões. Resta-lhe apenas vender mais jogadores para compensar tais perdas. O Dr. Fernando Gomes já avisou que precisará de vendas líquidas (valor real do dinheiro a entrar na SAD, expurgando comissões) entre 50 a 80M€. Eu diria que precisa de mais.
É expectável, no entanto, que no decorrer do atual exercício haja um forte aumento das receitas de bilheteira, da quotização, da venda de merchandising e da publicidade. Mas há três problemas que subsistem neste Porto:
1) O Porto não consegue descer o nível de “gastos com o pessoal”, incorporados nos chamados custos fixos. Recordo a vã promessa feita há uma ano atrás pelo Dr. Fernando Gomes, ao apontar que os mesmos deveriam descer na ordem dos 15%. O Porto apresenta nesta rubrica 92,3M€, que expurgados de prémios aos atletas pelo sucesso das competições desportivas, andará na casa dos 83M€. O Porto não pode viver com este nível de custos fixos.
2) O Porto aumenta de novo o seu passivo para os 526,14M€. Recordo que o mesmo em 2018 era de 397,4M€. A teoria de que não se pode desinvestir na equipa para se ter sucesso desportivo não é verificada aqui. O sucesso desportivo, de facto, tem havido, mas sempre à conta de ficar a dever mais a mais alguém. Isto não é vida.
3) Por último, algo que me deixa ainda mais preocupado, quando ouvi o meu Presidente Pinto da Costa a render-se às saídas a custo zero. Esta é uma visão absolutamente errática. Se não há 6M€ (e de facto não há) para renovar com certos “craques” no último ano de contrato, o Porto tem de promover as suas vendas a dois anos do final de contrato. A formação e o scouting terão sempre de encontrar soluções a estas saídas. No Porto não pode haver insubstituíveis