Record (Portugal)

Ninguém joga mais do que Rúben Dias

Segundo o relatório divulgado pela FIFPro, o central do City fez 18.361 minutos no conjunto das últimas três temporadas

- JOSÉ ANGÉLICO

çUm dos exemplos mais flagrantes da sucessão de jogos tem sido Rúben Dias, embora este continue sem dar mostras do desgaste que isso pressupõe. O central português que trocou o Benfica pelo Manchester City há pouco mais de um ano cumpriu um total de 198 encontros, entre clubes e Seleção Nacional, no conjunto das três épocas em análise pelo estudo da FIFPro. E se a média foi de 66 jogos por temporada, esse valor só não é maior porque em 2019/20 ‘apenas’ fez 60, uma consequênc­ia da pandemia de Covid-19 que obrigou à paragem das competiçõe­s, adiando inclusive o Euro’2020. Mas mais impression­ante ainda é o facto de ter cumprido neste período 18.461 minutos, superando os 6.300 minutos tanto em 2018/19 como em 2020/21. Números que fazem do português o jogador mais utilizado no junto das três temporadas e que se tornam ainda mais relevantes quando 73,3% desses minutos surgiram em zona crítica – mais uma vez, essa percentage­m é ‘amenizada’ devido à época de 2019/20, em que se ficou pelos 65%, depois de ter chegado aos 78% em 2018/19 e aos 76% em 2020/21. A nível europeu, o holandês Daley Blind, do Ajax, registou uma percentage­m superior de minutos em zona crítica nesse período (73,9%), mas realizou menos jogos ou minutos do que o português [ver quadro ao lado]. A situação de Rúben Dias é ainda agravada pelo facto deste ter tido períodos de férias muito reduzidos entre cada temporada: o ano passado foram apenas nove dias, depois de terem sido 10 no verão anterior. Pelo meio ainda teve 17 dias de descanso extra devido à paragem provocada pela pandemia no decorrer de 2019/20, mas isso acabou mesmo por ser uma situação excecional. A pandemia contribuiu ainda para a diminuição dos quilómetro­s percorrido­s em viagens. No caso de Rúben Dias, a distância percorrida passou de 60.151 km em 2018/19 para 54.444 km em 2020/21. O cancelamen­to das digressões de pré-temporada ajudaram também a diminuir o desgaste, sendo certo que há também o reverso da moeda: devido à paragem de quase dois meses nas competiçõe­s, a concentraç­ão de jogos no período posterior, em particular com o prolongame­nto da época 2019/20 e o início mais tardio de 2020/21, contribuiu para que a percentage­m de jogos em zona crítica aumentasse­m. E se olharmos ao que se passa esta temporada, o panorama não mudou: Rúben já soma 14 jogos e 1.192 minutos entre o clube e a Seleção – apenas foi poupado por Guardiola com o Wycombe, na Taça da Liga inglesa, e por Fernando Santos no mais recente particular com o Qatar.

Necessidad­e de mudança

Os números da FIFPro acabam por dar razão a quem contraria a ideia de realizar os Mundiais de dois em dois anos ou de aumentar os jogos na Champions. Cenários que obrigariam, naturalmen­te, a maior desgaste dos futebolist­as, em especial dos que têm o estatuto de imprescind­íveis, como é o caso de Rúben Dias. “Os dados mostram que devemos libertar a pressão sobre os jogadores, e este relatório fornece novos dados sobre o porquê de precisarmo­s de mecanismos regulatóri­os e de fiscalizaç­ão para os proteger. Este tipo de soluções deveria estar no topo da agenda sempre que discutimos o desenvolvi­mento do calendário de jogos. É hora de dar prioridade à saúde e ao desempenho dos atletas”, frisou Jonas Baer-Hoffman, secretário-geral da FIFPro.

PORTUGUÊS CUMPRIU 73,3% DO TEMPO EM CAMPO EM JOGOS REALIZADOS COM CINCO OU MENOS DIAS DE DIFERENÇA

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