Utilizar ‘duas vias’ para atingir o sonho
Após assinar contrato ‘two way’ com os Kings, terá de esperar por uma chance para jogar na elite
O dia 30 de julho vai ficar marcado para sempre na história do desporto nacional porque foi nessa madrugada que, pela primeira vez, um português foi escolhido no draft da NBA. Esse foi o início do sonho, mas ainda há que o concretizar. Neemias Queta foi a 39.ª escolha, seguiu para Sacramento e assinou um contrato ‘two way’, o que não lhe garante uma vaga na equipa, mas que lhe permite poder ser opção ao longo da época. Cada conjunto pode ter dois contratos deste tipo, que garantem aos jogadores em questão a possibilidade de jogarem na formação afiliada na G League (uma espécie de 2.ª Divisão...) e que, a qualquer momento da temporada, possam ser chamados para a equipa principal. É isso que deverá acontecer com Quetão. O poste português, de 22 anos, vai começar nos Stockton Kings e esperar por uma oportunidade de subir o elevador e estrear-se na maior liga de basquetebol do Mundo e fazer ainda mais história para o desporto português. Muita gente olha de lado para este tipo de contratos e, sim, há muitos atletas que não os conseguem aproveitar, mas, citando Rúben Amorim: “E se corre bem?” Exemplos não faltam! Começando, desde logo, por Duncan Robinson. Neste verão, o atirador assinou com os Miami Heat o maior contrato de um jogador que não foi escolhido no draft – vai receber cerca de 78 milhões de euros em cinco anos. E tudo começou na G League. O franchise da Florida acreditou em Robinson, deu-lhe um ‘two way’, este aproveitou e agora é um dos melhores lançadores de triplos da NBA, com números que rivalizam, por exemplo, com os de Steph Curry.
Mas este não é o único nome que se pode colocar neste lote. Luguentz Dort assumiu um papel de relevo nos Thunder e é visto como um dos defesas mais temidos da Liga; Alex Caruso que, depois de subir a pulso nos Los Angeles Lakers, assinou um contrato de 32 milhões por quatro anos com os Chicago Bulls; Chris Boucher vai, muito provavelmente, assumir a posição de poste titular nos Raptors quando voltar de lesão; ou Torrey Craig, que vai receber um anel de campeão depois de na época passada ter sido trocado dos Bucks para os Suns. Nesta primeira temporada, vai ser bastante complicado para Neemias somar minutos, isto porque, para além de os Kings verem o português como uma aposta de futuro, contrataram muitos jogadores para a posição de poste. Para além da renovação de Richaun Holmes, os californianos garantiram a continuidade de Damian Jones e Chimezie Metu e ainda adquiriram Tristan Thompson e Alex Len. Para além destes, Marvin Bagley III também faz a posição. Na pré-temporada notou-se essa dificuldade de ‘arranjar’ espaço para o luso, que, em quatro partidas, só teve oportunidade de se mostrar na terceira, frente aos Portland Trail Blazers, na qual marcou dois pontos e registou um ressalto em 2.37 minutos. Que venha a temporada!
PRIMEIROS PASSOS DEVERÃO SER DADOS NOS STOCKTON KINGS, MAS SEMPRE COM A PORTA ABERTA EM SACRAMENTO