O(s) canto(s) do leão
çNa primeira vez em que Rúben Amorim conseguiu utilizar em conjunto o tridente ofensivo formado por Sarabia, Pote e Paulinho, o avançado português, na sequência de um suculento passe de rutura do espanhol, esteve muito perto de abrir o ativo aos 54 segundos, desfraldando as enormes debilidades do Besiktas na definição da última linha e no controlo da profundidade. Ao início auspicioso dos leões seguiu-se o único período de desnorte, reflexo da forma como os turcos partiram o jogo com a voracidade de chegarem a zonas de finalização, como também da imperícia do Sporting para respirar com bola.
Seria o lance que esteve na génese do tento inaugural
a mostrar que, com inteligência e critério nos momentos de posse, procurando atrair o rival para um corredor para perscrutar o oposto, podiam ser exploradas as crateras que se abriam sempre que o Besiktas transitava defensivamente. O marcador foi desbloqueado na sequência de um pontapé de canto, que seria também o mote para os outros dois tentos dos leões na etapa inicial, com Gonçalo Inácio (0-1) e Paulinho (1-2) a efetuarem desvios cirúrgicos ao primeiro poste [2], que desmontaram a defesa com predominância pela zona do oponente, aproveitados por Coates, corrosivo a assaltar o espaço entre os entorpecidos Rosier e Welinton. O uruguaio seria também o protagonista do 1-3, já que um novo cabeceamento, desta feita sem desvio ao primeiro poste, seria travado pela mão de Vida, com Sarabia a não desperdiçar o castigo máximo..
Se é certo que o Sporting também sofreu um golo
na sequência de um canto, com Larin a impor-se a Matheus Reis ao segundo poste, dando prossecução a um cruzamento cirúrgico de Pjanic, que, na altura, valeu o 1-1, a reação verde-e-branca à adversidade foi contundente ao repor a vantagem em 3 minutos. Mas, acima de tudo, os leões mostraram um enorme acerto na organização defensiva, tanto a defender mais alto, em 5x2x3, como mais baixo, em 5x4x1, com uma última linha soberbamente comandada e coordenada por Coates, o que permitiu travar 9 ataques antagonistas por fora-de-jogo [1], como também cortar com relativa facilidade os inúmeros cruzamentos com que o Besiktas buscava chegar a zonas de finalização.
Em desvantagem no marcador, as águias negras expuseram-se
cada vez mais, e faltou ao Sporting, em várias ocasiões, um maior acerto no passe ena decisão, sobretudo tendo em conta as inúmeras situaçõesde paridade e superioridade numérica que usufruíram no assalto ao último terço. Mas Paulinho, depois de envia ruma bola ao poste e outra ao ferro, carimbou, com elevada nota artística, o justíssimo quarto golo per todo fim, num lance que começou numa recuperaçãode Tiago Tomás, capaz de conduzira bola, sentarPjanic e soltar o passe que proporcionou uma( nova) situação de2x 1 no assalto ao último terço [3].