Veríssimo perdido no xadrez
çSem espanto, Veríssimo apostou numa organização estrutural em 4x3x3 [1] ante um Boavista que, pejado de baixas no setor defensivo, não abdicou de uma estrutura com três centrais [1], adaptando os laterais Nathan e Filipe Ferreira para se juntarem a Abascal. Do lado do Benfica, Weigl arcou o papel de médio mais recuado, servindo como suporte aos interiores Paulo Bernardo e João Mário [1], muito disponíveis para se aproximarem de Yaremchuk, com Diogo Gonçalves, menos ativo, e Everton, mais incisivo, a partir das alas. Isto porque Cebolinha promoveu inúmeras combinações com Grimaldo, mais uma vez arguto na criação, o que curvou o jogo das águias para a esquerda.
O início impetuoso do Benfica, com alguns momentos atraentes de circulação entre a esquerda e o centro, esbarrou com as arduidades em chegar com pungência a zonas de finalização. É que, apesar de envolver muitos jogadores no processo ofensivo, o papel de Yaremchuk, sagaz a oferecer apoios frontais, subtraiu-lhe presença na área. Acabaria por ser um erro garrafal de Nathan, partilhado com Filipe Ferreira, a permitir que
Everton adiantasse os rubros, na sequência de uma bola longa de Vertonghen em que Yaremchuk se impôs no duelo aéreo a Abascal [2], esgravatando o assalto à profundidade [2]. O golo teve o condão de espevitar ofensivamente os axadrezados, argutos a perscrutarem o jogo exterior, buscando combinações entre Hamache, Makouta e Gorré à esquerda. Mas o assalto ao arco de Vlachodimos deu-se após bolas paradas e em remates de fora da área.
No arranque da etapa complementar, ante águias entorpecidas, as panteras deixaram-se de promessas, tornando-se mais pressionantes no capítulo ofensivo. Além de alcançarem o 1-1, após um penálti imprudente de Morato árduo de justificar até a um iniciado, não se retraíram e foram mais mordazes no assalto à baliza de Vlachodimos, crucial a negar duas finalizações de Musa e a retirar espaço a um isolado Gorré, após assistência aérea de Musa. Já Veríssimo procurou contrariar a exibição abúlica com as apostas em Gonçalo Ramos e Gil Dias, sacrificando Bernardo e Gonçalves. No entanto, manteve, com surpresa, a estrutura em 4x3x3 [3], com Ramos a funcionar como interior-ofensivo [3], e Dias inconsequente como ala/extremo-esquerdo. O que não contribuiu para nada de bom, pois a posse perdeu ainda mais fluidez e o assalto à baliza rival continuou a ser uma miragem. Só Pizzi, último suplente lançado por Veríssimo, foi capaz de criar sobressaltos a Bracali com um remate violento de pé direito na única oportunidade dos encarnados, que atingiram a final ao serem menos incompetentes no desempate por penáltis, numa 2.ª parte paupérrima.