O destino de Sérgio Conceição
NA SUA PEDRA FILOSOFAL, O GRUPO TEM DE ESTAR UNIDO, ROBUSTO DE CONFIANÇA E COM MENTALIDADE COMPETITIVA A PALPITAR A CADA SEGUNDO. É UMA MÁQUINA LETAL CONSTRUÍDA PARA DEVORAR ADVERSÁRIOS SEM PIEDADE
Ao contrário de alguns ‘cristãos-novos’ que agora já o bajulam mas que serão os primeiros a apedrejá-lo no dia em que falhar, para mim é muito fácil elogiar Sérgio Conceição. Fácil porque nunca tive hesitações sobre o seu talento no ano em que chegou após prolongado jejum de títulos dos dragões, quando a maioria dos analistas (até colunistas azuis e brancos agora com amnésia) torciam o nariz ao feitio e curto palmarés. Aqui nesse dia escrevi que ele seria a pedra angular e o maior reforço para o futuro do FC Porto.
Não só pela ambição contagiante de quem quer ganhar sempre,
nem apenas pelo seu honrado percurso pessoal, de raízes muito humildes, que só tinha duas opções possíveis para subir na vida: vencer ou vencer. Mas porque acreditava que, para lá da alma de campeão, estava um enorme treinador, versátil, que prepara meticulosamente o seu plano de jogo e que conhece uma verdade cristalina oriunda das leis da natureza e da vida selvagem, com a qual muitas vezes devíamos aprender: o mais fraco da manada morre. E nos seus treinos duros, como esta semana reconhecia Pepe, está a base para que os seus homens estejam como o aço e ninguém fique para trás. Porque na sua pedra filosofal o grupo tem de estar unido, ro- busto de confiança e com uma mentalidade competitiva a palpitar a cada segundo. É uma máquina letal construída para devorar adversários sem piedade. É pois fácil para mim elogiar o treinador portista porque há muito tempo aqui escrevi num artigo intitulado “E a estátua para Sérgio Conceição?” que todas as homenagens lhe eram devidas, porque só provavelmente no dia da sua saída com o buraco deixado pela falta da sua liderança, que nunca teve paninhos quentes nem vassalagens cobardes à sua própria estrutura, se sentirá a envergadura da sua colossal obra. Com a estátua já no museu, não esqueçamos que nesta época bateu (e pode bater mais) recordes, que perdeu o melhor jogador do campeonato no meio do caminho (Luís Diaz) – e arranjou soluções –, bem como Sérgio Oliveira e Corona. Não podemos olvidar os mais de 250 milhões de euros que facturou da Champions quando os cofres antes dele estavam secos. E ainda, a grande tarefa desta época, o lançamento sustentado de jovens oriundos do Olival de craveira mundial como Diogo Costa, Fábio Vieira e um génio da lâmpada que dá pelo nome de Vitor Ferreira, o Vitinha.
Sérgio Conceição tem contrato até 2024
e uma cláusula de rescisão de 10 milhões. Tem a paixão e gratidão dos adeptos para a eternidade, contudo, o que já deu também lhe permite ambicionar outras ligas desafios. Se ficar, o FC Porto volta a ser o principal candidato ao título, se sair caberá a Pinto da Costa descalçar esta bota. Só há uma certeza: onde estiver em 2022/23 , Sérgio Conceição vai continuar a ser um dos melhores treinadores do Mundo e vai com tudo para ganhar. É a sua alma, é o seu destino.
LANÇAMENTO DOS JOVENS DO OLIVAL FOI DO TÉCNICO ESTA ÉPOCA