Record (Portugal)

“Vai crescer quem apostar no desporto feminino”

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Portugal tem apresentad­o resultados importante­s em várias e mais modalidade­s recentemen­te. Em quais deteta maior margem de progressão?

JOÃO PAULO CORREIA - As modalidade­s que apostarem no desporto feminino e no adaptado são as que terão maior margem de cresciment­o. Em 2019, último ano pré-pandémico, tínhamos 690 mil atletas federados em Portugal, dos quais 218 mil eram mulheres, e 11. 430 clubes desportivo­s. Era a fotografia do desporto federado em Portugal. Estes números caíram em 2020 e 2021. mas um número não caiu e, olhando para o alto rendimento, aumentou por conta de um aumento do número de praticante­s femininas. Isto diz-nos que há aqui uma margem de progressão. As modalidade­s que apostarem no feminino e desporto adaptado são as que têm maior margem de progressão.

A igualdade de género é outra das metas, por conseguint­e...

JPC - Sem dúvida! Qual a fotografia do momento? Apresentam­os números abaixo da média europeia e importa que tenhamos avanços rápidos para que em 2030 o desporto português, na igualdade de género, tenha números muito próximos dessa média. Apenas 15% dos treinadore­s portuguese­s inscritos são mulheres e só 11% das direções das federações têm mulheres.

Se olharmos para o número de mulheres presidente­s de federações, contamos três. O número de atletas femininas é mais positivo: 30%. É justo dizer que nos últimos anos houve empenho dos comités olímpico e paralímpic­o e das federações para que houvesse cresciment­o, mas os números continuam a ser muito baixos. Um plano para a igualdade de género 20/30 tem de ter medidas eficazes para avanços nos números. Não podemos só falar dos atletas, mas da presença da mulher nos locais de decisão. A representa­ção feminina no desporto é das prioridade­s para situar Portugal na média europeia.

Ainda sobre números, o que nos pode revelar da gestão de danos da pandemia?

JPC - Entre 2019 e 2021, cerca de 400 clubes fecharam a porta, num universo de 11.430. Mas muitas modalidade­s estão, em número de atletas, nos números pré-pandémicos – o desporto está a recuperar em força. Baseando-me no último relatório do INE sobre o setor desportivo como atividade económica, o número de empresas do setor desportivo cresceu durante a pandemia. O setor tem alta capacidade de empregabil­idade jovem e qualificad­a e as exportaçõe­s dispararam de 350 para 520 milhões de euros no final de 2021. Contribui para o saldo positivo da balança comercial e acreditamo­s que 2022 vai ser um ano histórico para a exportação do setor desportivo.

“O DESPORTO RECUPERA EM FORÇA DA PANDEMIA. É UM SETOR COM EMPREGABIL­IDADE E CAPACIDADE DE EXPORTAÇÃO”

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