Record (Portugal)

DIOGO QUERIA SER ‘FURA-REDES’

Foi o primeiro treinador, Adílio Pinheiro, quem o convenceu de que era melhor a evitar golos

- JOÃO LOPES COMEÇOU POR JOGAR À FRENTE

çMesmo que não tenha provocado qualquer prejuízo, Diogo Costa terminou o encontro com o Gana de cara trancada, já que nos últimos instantes quase foi surpreendi­do por Iñaki Williams, que lhe roubou a bola numa zona proibida mas acabou por escorregar. Já diante do Uruguai, o guardião do FC Porto esteve nas bocas do Mundo por outro motivo: cara a cara com Bentancur, o português negou-lhe o golo com uma grande intervençã­o. Mas e se lhe dissermos que Diogo Costa, que tem dado nas vistas nos dragões, nem tão-pouco queria ser guarda-redes?

“Para convencê-lo a ser guarda-redes foi uma carga de trabalhos. Queria era ser jogador de campo. Foi queixar-se ao avô de que eu queria que ele fosse guarda-redes.

“FOI QUEIXAR-SE AO AVÔ DE QUE EU QUERIA QUE ELE FOSSE GUARDA-REDES”, CONTA EX-TÉCNICO DO PORTUGUÊS

Eu joguei com o avô dele [Ginho] no Desportivo das Aves e ele veio falar comigo. Achei que tinha aptidões e convenci-o a ser guarda-redes, mas obrigou-me a fazer um acordo com ele: jogaria metade do jogo à frente e outra metade na baliza”, contou, a Record, Adílio Pinheiro, coordenado­r da escola de futebol ‘Pinheirinh­os’ de Ringe, onde Diogo Costa deu os primeiros passos entre os postes. Mas o treinador sabia perfeitame­nte que era no ataque que o miúdo, regressado à Vila das Aves após ter emigrado com os pais para Suíça, era feliz. “Ele gostava de marcar golos. No futebol de 5 e futebol de 7, jogava a qualquer posição, rematava muito forte e marcava golos de uma baliza à outra. A certa altura tive de proibi-lo de fazer isso, pois um remate seu, por ser tão forte, podia aleijar os adversário­s”, relata, assegurand­o que a facilidade que o guardião tem em jogar com os pés é resultado dos tempos em que evoluía nos rinques e campos de dimensão reduzida da localidade minhota.

Adílio Pinheiro não tem dúvidas de que um erro como o que Diogo Costa cometeu frente aos ganeses, não se repetirá. “Estava indignado com ele próprio. Ele sabe que não esteve bem e sabe que, falhando, não tem mais ninguém atrás dele”, descreve o antigo treinador, de 72 anos, culpando também os centrais pelo lance caricato ocorrido nos minutos finais: “Não tenho dúvidas de que outra situação destas não lhe volta a acontecer.” Porém, “ele é o primeiro culpado, deu a volta por cima - e de que maneira - e ontem [segunda-feira] esteve muito bem”, argumenta o primeiro técnico do guardião portista, incapaz de disfarçar o “orgulho muito grande” que o Pinheirinh­os de Ringe sente por ter dois ‘meninos’ da formação no Mundial do Qatar. A Diogo Costa junta-se Vitinha, também ele produto da escola sediada em Vila das Aves.*

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ÁS PELOS ARES. Diogo Costa voou para ‘segurar’ Portugal contra o Uruguai

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