Record (Portugal)

Cifoses e outras mazelas

- Luís Miguel Henrique Advogado

Com o fim do ‘El Dorado’ chinês determinad­o pela viragem a 180º das autoridade­s políticas, onde ainda existe mercado onde o futebol realmente importe, com rios de dinheiro dispostos a despejar nos bolsos da FIFA, neste terrível ciclo pós-Covid com uma guerra regional grave em curso? Numa rápida circum-navegação mental, apenas e somente no Médio-Oriente.

Depois do seu vizinho (e rival) Qatar, também o reino saudita tudo tem feito para conseguir levar o Mundial em 2030 para o seu território, com vista a mais uma operação de cosmética autocrátic­a que tudo isto sempre proporcion­a, onde por exemplo não é divorciáve­l do propósito de tentar contratar Cristiano Ronaldo para um clube da Liga local (Al-Nassr?) e ainda lhe juntar Leonel Messi como embaixador do turismo.

Contudo, se estes jogos geoestraté­gicos são compreensí­veis, o mais grave é que se começa a perceber o padrão clínico que contagia a coluna vertebral de todo aquele que assume a liderança da FIFA, tal é o tamanho da curvatura da mesma, como da mais grave cifose se tratasse. Depois de Blatter, tal ‘doença’ também é facilmente diagnostic­ável não só no atual presidente da FIFA como em putativos futuros aspirantes a cargos do organismo, como é o caso do líder da FPF, Dr. Fernando Gomes.

O papel humilhante a que Infantino se tem submetido dia após dia, entre conferênci­as de imprensa desprezíve­is e as vergonhas televisiva­s em direto que alguns Estadistas (o “E” maiúsculo aqui é intenciona­l e representa a minha deferência a quem acredita que o dinheiro não compra tudo) mundiais lhe impuseram, não há dinheiro, poder, cargo ou estatuto que pague. São mazelas morais para as quais nenhuma cura existe.

Por cá, tudo já foi dito sobre a romaria institucio­nal

que leva as 3 primeiras figuras do Estado ao Qatar. Mesmo quem gosta muito de futebol, vê nisto uma completa subversão de valores e um aproveitam­ento político descarado (com consequênc­ias a prazo, pois ainda temos o tema do contrato do selecionad­or em aberto).

Quanto à FPF, cedo percebemos que não iria mexer uma única palha nas várias questões relacionad­as com os direitos, liberdades e garantias no país anfitrião do D¡CAS DO DIA

HÁ UMA ‘DOENÇA’ QUE AFETA QUEM LIDERA A FIFA OU OS PUTATIVOS CANDIDATOS A CARGOS NO ORGANISMO

Mundial em curso ou entrar em rota de colisão com os interesses financeiro­s instalados na via rápida criada diretament­e entre Doha e Zurique. As expetativa­s pessoais e interessei­ras por parte do atual presidente da FPF num futuro cargo na FIFA, condiciona­ram assim gravemente a imagem de toda a nação aos olhos do Mundo.

Mas cúmulo dos cúmulos foi o desplante de Fernando Gomes em tentar condiciona­r as palavras dos nossos governante­s. Felizmente sem sucesso. Há que dar a mão à palmatória… Não é só falta de vergonha. É mesmo preciso ter coragem. Ou se calhar são os nossos governante­s que se põem a jeito. Vá-se lá saber…

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