Cifoses e outras mazelas
Com o fim do ‘El Dorado’ chinês determinado pela viragem a 180º das autoridades políticas, onde ainda existe mercado onde o futebol realmente importe, com rios de dinheiro dispostos a despejar nos bolsos da FIFA, neste terrível ciclo pós-Covid com uma guerra regional grave em curso? Numa rápida circum-navegação mental, apenas e somente no Médio-Oriente.
Depois do seu vizinho (e rival) Qatar, também o reino saudita tudo tem feito para conseguir levar o Mundial em 2030 para o seu território, com vista a mais uma operação de cosmética autocrática que tudo isto sempre proporciona, onde por exemplo não é divorciável do propósito de tentar contratar Cristiano Ronaldo para um clube da Liga local (Al-Nassr?) e ainda lhe juntar Leonel Messi como embaixador do turismo.
Contudo, se estes jogos geoestratégicos são compreensíveis, o mais grave é que se começa a perceber o padrão clínico que contagia a coluna vertebral de todo aquele que assume a liderança da FIFA, tal é o tamanho da curvatura da mesma, como da mais grave cifose se tratasse. Depois de Blatter, tal ‘doença’ também é facilmente diagnosticável não só no atual presidente da FIFA como em putativos futuros aspirantes a cargos do organismo, como é o caso do líder da FPF, Dr. Fernando Gomes.
O papel humilhante a que Infantino se tem submetido dia após dia, entre conferências de imprensa desprezíveis e as vergonhas televisivas em direto que alguns Estadistas (o “E” maiúsculo aqui é intencional e representa a minha deferência a quem acredita que o dinheiro não compra tudo) mundiais lhe impuseram, não há dinheiro, poder, cargo ou estatuto que pague. São mazelas morais para as quais nenhuma cura existe.
Por cá, tudo já foi dito sobre a romaria institucional
que leva as 3 primeiras figuras do Estado ao Qatar. Mesmo quem gosta muito de futebol, vê nisto uma completa subversão de valores e um aproveitamento político descarado (com consequências a prazo, pois ainda temos o tema do contrato do selecionador em aberto).
Quanto à FPF, cedo percebemos que não iria mexer uma única palha nas várias questões relacionadas com os direitos, liberdades e garantias no país anfitrião do D¡CAS DO DIA
HÁ UMA ‘DOENÇA’ QUE AFETA QUEM LIDERA A FIFA OU OS PUTATIVOS CANDIDATOS A CARGOS NO ORGANISMO
Mundial em curso ou entrar em rota de colisão com os interesses financeiros instalados na via rápida criada diretamente entre Doha e Zurique. As expetativas pessoais e interesseiras por parte do atual presidente da FPF num futuro cargo na FIFA, condicionaram assim gravemente a imagem de toda a nação aos olhos do Mundo.
Mas cúmulo dos cúmulos foi o desplante de Fernando Gomes em tentar condicionar as palavras dos nossos governantes. Felizmente sem sucesso. Há que dar a mão à palmatória… Não é só falta de vergonha. É mesmo preciso ter coragem. Ou se calhar são os nossos governantes que se põem a jeito. Vá-se lá saber…