Record (Portugal)

BANHO DE ÁGUA FRIA E POUCA COMIDA

Paulo Fernandes, técnico do clube do Campeonato de Portugal, colocou o seu lugar à disposição

- GUARDA DESPORTIVA JOÃO LOPES

çAlimentaç­ão deficitári­a para os jogadores, água fria para os banhos, falta de luz frequente na casa que acolhe os atletas, salários em atraso e o episódio das agressões à massagista Verónica Duarte, que acusa o preparador físico Luís Pinto, são algumas das situações que levaram o treinador Paulo Fernandes a colocar o lugar à disposição da administra­ção do Guarda Desportiva, 14º da Série B do Campeonato do Portugal. O técnico, de 48 anos, conta, em exclusivo a Record, as diversas peripécias ocorridas desde que, em outubro, aceitou substituir Pedro Duarte no comando técnico do conjunto beirão. Começa pela questão da alimentaçã­o.

“É o clube que providenci­a a alimentaçã­o, sempre fora de horas e em quantidade limitada”, relata o treinador natural de Coimbra, assumindo que, antes do último encontro, perdeu a paciência. “Foi servido aos jogadores uma asinha ou perninha de frango com um pouco de arroz no prato”, conta. Derrota, sem surpresa, por 3-0, com o Castro D’Aire. Depois, há questão dos duches, que só às vezes são... de água quente. “Acaba o gasóleo e chegámos a ficar cinco dias sem água quente”, assegura o treinador, que diversas vezes alertou a administra­ção para este problema. A culpa morre normalment­e solteira ou é atribuída ao grupo, que não antecipa o fim do combustíve­l.

Mas há mais casos em que são os jogadores a ser responsabi­lizados pelas deficiênci­as da estrutura. Até da eletricida­de... “Moramos numa casa onde a luz cai de cinco em cinco minutos”, constata o técnico, prosseguin­do: “Quando chega a noite, os jogadores têm frio, começam a ligar os aquecedore­s e o quadro vai a baixo. Não conseguem secar a roupa deles, não conseguem fazer nada!”

É que no clube são os próprios jogadores que tratam dos equipament­os. É neste contexto que ocorreu a agressão à massagista Verónica Duarte, que, entretanto abandonou o clube. O técnico presenciou tudo e confirma. “Eu tentei levantá-la e os outros tentaram acalmá-lo, mas ele começou a pontapeá-la quando se encontrava no chão”, acusa o técnico que permanecer­á na cidade até receber aquilo que lhe é devido, pois não lhe foi pago qualquer valor desde que assinou em outubro.

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“À NOITE OS JOGADORES TÊM FRIO, COMEÇAM A LIGAR OS AQUECEDORE­S E O QUADRO VAI A BAIXO”, REFERE O TREINADOR

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SOLIDÁRIO. Técnico denuncia falta de condições para o grupo

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