Record (Portugal)

Uma atitude que resiste na memória

TERÁ PERFIL PARA ADJUNTO DO SELECIONAD­OR UM HOMEM QUE FUGIU DO ESTÁGIO PELA PORTA LATERAL DO HOTEL, SEM AVISO, DEIXANDO ‘PENDURADA’ A PRÓPRIA FPF?

- DANIEL SÁ Alexandre Pais Ex-Diretor Record BRUNO PRATA

Surgiu ontem a notícia que Ricardo Carvalho estará a ser equacionad­o como possível adjunto de Roberto Martínez na Seleção Nacional. Dificilmen­te encontrará a FPF um jogador com um percurso mais valioso: FC Porto, Chelsea, Real Madrid e Mónaco, com uma passagem pelo futebol chinês a fechar o ciclo. E duas dezenas de títulos na carreira, sendo campeão da Europa de clubes em 2004 e de seleções em 2016, e envergando por mais de 100 vezes – 89 na turma A – a camisola das quinas. Sublinho ainda a sua integração na equipa técnica do Marselha, entre 2019 e 2021, quando o treinador era o rapaz que classifico­u de ‘palhaçada’ uma manchete deRecord que o tempo veio a confirmar. Ricardo daria um bom adjunto para D. Roberto? A resposta é sim.

Não defendo que os erros do passado nos devam perseguir

até ao fim da vida, mas Ricardo Carvalho teria, num país decente, um dado insuportáv­el a resistir na memória coletiva: aquele dia 31 de agosto de 2011 em que abandonou, sem aviso nem contemplaç­ões, o estágio da Seleção, pouco antes da par- tida para o aeroporto. Fê-lo como revolta pelo facto de o se- lecionador de então, Paulo Bento, não o ter incluído no ‘onze’ inicial do último treino, optando por Pepe e Bruno Alves – o que indicaria que não seria titular em Chipre.

Apesar de após três anos de ‘nojo’ Fernando Santos o ter voltado a chamar à Seleção

– um perdão discutível mas acei- tável – a pergunta que inevitavel­mente hoje se coloca é esta: terá perfil para adjunto do sele- cionador, um cargo para o qual se exigiria uma ficha ética limpa, um homem que ‘fugiu’ do hotel por uma porta lateral e deixou ‘pendurados’ os compa- nheiros, os técnicos, o ‘staff’ e, afinal, a própria FPF que se admite que o possa agora contratar? A resposta é não. É que, ainda por cima, quatro das ‘testemunha­s’ da deserção de 2011 poderão ser convocadas de novo em março por Roberto Martínez: Pepe, o alvo principal do ‘ataque de ciúmes’ de Ricardo, Cristiano Ronaldo, João Moutinho e Rui Patrício. Para só me referir a jogadores…

E não me venham dar o exemplo de João Pinto,

que chegou a ‘vice’ da Federação – com um excelente desempenho ao que temos visto – depois de ter protagoniz­ado o triste caso do Mundial de 2002, em que foi expulso na partida contra a Coreia do Sul por ter encostado o punho à barriga do árbitro. É que isso aconteceu no calor da luta, não foi um ato pensado e executado, e deu-se na defesa, infeliz embora, da Seleção, e não contra ela como sucedeu com Ricardo Carvalho. Não misturemos situações diferentes!

Último parágrafo paraRúben Amorim,

prior numa paróquia que Deus parece ter abandonado. Um guarda-redes habitualme­nte seguro a dar um ‘frango’, um golo, belíssimo, invalidado por um ‘offside’ de régua e esquadro, duas bolas nos ferros na mesma jogada, uma expulsão perdoada ao adversário – e uma também aos leões, é verdade – e outra concretiza­da após ‘paragem cerebral’ do seu jogador de estimação foram azares a mais numa só partida. E se jogou bem o Sporting! Mas perdeu, é a vida.

MELHOR CURRÍCULO QUE O DE RICARDO CARVALHO

DIFICILMEN­TE ENCONTRARÁ A FPF

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