Record (Portugal)

Re-branding no Sporting

A IDADE MÉDIA DE UMA EMPRESA É DE 15 ANOS, QUANDO NO FUTEBOL MUITAS DAS MARCAS ATUAIS TÊM MAIS DE 100, COMO É O CASO DO SPORTING. É NECESSÁRIO TER MUITO MAIS CUIDADOS QUANDO MEXEMOS NUMA MARCA CENTENÁRIA

- Daniel Sá Diretor Executivo do IPAM LUÍS MIGUEL HENRIQUE RUI DIAS

É já conhecida publicamen­te a intenção do Sporting em fazer o re-branding da sua marca. Esta expressão significa que o clube pretende renovar a identidade visual da sua marca não se conhecendo ainda se se tratam de mudanças suaves ou alterações radicais na imagem do clube lisboeta.

Confesso-vos que não tenho

qualquer preocupaçã­o com os aspetos básicos ou visuais da mudança. Se vamos passar de um leão para uma leoa. Ou do tom de verde. Ou ainda se o símbolo será mais quadrado ou mais redondo.

Naturalmen­te que os aspetos visuais são importante­s,

mas apenas podem ser avaliados conhecendo-se qual a estratégia que está por trás deste processo de re-barnding. Que tipo de objetivos tem o Sporting com esta mudança? Atingir novos públicos? Diversific­ar as fontes de receitas? Procurar uma maior dimensão internacio­nal?

Nos últimos 20 anos assistimos a vários processos de re-branding no futebol europeu com particular incidência em clubes ingleses e italianos. Tra- ta-se até de um processo muito frequente no mundo empresaria­l

OS SÓCIOS DEVERÃO SER MUITO BEM INFORMADOS

SOBRE OS OBJETIVOS DESTA MUDANÇA

e em todo o tipo de se- tores de atividade.

Mas cuidado. Na indústria do futebol este tema é mais sensí- vel. Por duas razões. A primeira está relacionad­a com a antiguidad­e destas marcas. A idade média de uma empresa é de 15 anos, quando no futebol muitas das marcas atuais têm mais de 100 anos, como é o caso do

Sporting. É por isso necessário ter muito mais cuidados quando mexemos numa marca centenária em vez de uma marca jovem de 15 anos.

A segunda é que, ao contrário das outras indústrias, no futebol os adeptos (que também são os consumidor­es) consideram a marca do seu clube de futebol como sua propriedad­e. Por outras palavras, um adepto do Sporting estará próximo de se borrifar para o re-branding da sua marca de roupa favorita, mas será sempre resistente à mudança de marca do seu próprio clube, dado que a relação emocional com o futebol é claramente superior.

Deixo por isso a sugestão que, quando o Sporting auscultar a opinião dos seus sócios neste processo, que centre a discussão mais na questão estratégic­a do que na questão visual. Os sócios deverão ser devidament­e informados sobre os objetivos desta mudança e, principalm­ente, sobe quais os benefícios que o clube vai colher nos próximos anos com esta alteração. Com ou sem leão.

As tendências na indústria do

futebol apontam claramente para a necessidad­e dos clubes se modernizar­em, procurarem novos públicos e explorarem novas fontes de receitas nos próximos anos sob pena da falta de viabilidad­e do modelo de negócio atual.

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