Re-branding no Sporting
A IDADE MÉDIA DE UMA EMPRESA É DE 15 ANOS, QUANDO NO FUTEBOL MUITAS DAS MARCAS ATUAIS TÊM MAIS DE 100, COMO É O CASO DO SPORTING. É NECESSÁRIO TER MUITO MAIS CUIDADOS QUANDO MEXEMOS NUMA MARCA CENTENÁRIA
É já conhecida publicamente a intenção do Sporting em fazer o re-branding da sua marca. Esta expressão significa que o clube pretende renovar a identidade visual da sua marca não se conhecendo ainda se se tratam de mudanças suaves ou alterações radicais na imagem do clube lisboeta.
Confesso-vos que não tenho
qualquer preocupação com os aspetos básicos ou visuais da mudança. Se vamos passar de um leão para uma leoa. Ou do tom de verde. Ou ainda se o símbolo será mais quadrado ou mais redondo.
Naturalmente que os aspetos visuais são importantes,
mas apenas podem ser avaliados conhecendo-se qual a estratégia que está por trás deste processo de re-barnding. Que tipo de objetivos tem o Sporting com esta mudança? Atingir novos públicos? Diversificar as fontes de receitas? Procurar uma maior dimensão internacional?
Nos últimos 20 anos assistimos a vários processos de re-branding no futebol europeu com particular incidência em clubes ingleses e italianos. Tra- ta-se até de um processo muito frequente no mundo empresarial
OS SÓCIOS DEVERÃO SER MUITO BEM INFORMADOS
SOBRE OS OBJETIVOS DESTA MUDANÇA
e em todo o tipo de se- tores de atividade.
Mas cuidado. Na indústria do futebol este tema é mais sensí- vel. Por duas razões. A primeira está relacionada com a antiguidade destas marcas. A idade média de uma empresa é de 15 anos, quando no futebol muitas das marcas atuais têm mais de 100 anos, como é o caso do
Sporting. É por isso necessário ter muito mais cuidados quando mexemos numa marca centenária em vez de uma marca jovem de 15 anos.
A segunda é que, ao contrário das outras indústrias, no futebol os adeptos (que também são os consumidores) consideram a marca do seu clube de futebol como sua propriedade. Por outras palavras, um adepto do Sporting estará próximo de se borrifar para o re-branding da sua marca de roupa favorita, mas será sempre resistente à mudança de marca do seu próprio clube, dado que a relação emocional com o futebol é claramente superior.
Deixo por isso a sugestão que, quando o Sporting auscultar a opinião dos seus sócios neste processo, que centre a discussão mais na questão estratégica do que na questão visual. Os sócios deverão ser devidamente informados sobre os objetivos desta mudança e, principalmente, sobe quais os benefícios que o clube vai colher nos próximos anos com esta alteração. Com ou sem leão.
As tendências na indústria do
futebol apontam claramente para a necessidade dos clubes se modernizarem, procurarem novos públicos e explorarem novas fontes de receitas nos próximos anos sob pena da falta de viabilidade do modelo de negócio atual.