Record (Portugal)

Vento de esperança

É CRISTALINO QUE A IMUTABILID­ADE É HOJE NO FC PORTO O PRIMEIRO PASSO PARA UMA DECADÊNCIA DEFINITIVA

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Assisti à apresentaç­ão da candidatur­a de André Villas-Boas na Alfândega do Porto e vi um homem destemido, confiante, vibrante na sua causa. Depois, determinad­o, corajoso, profission­al e estratega. O primeiro passo desse profission­alismo latente e que claramente se sentiu, em primeiro lugar, a forma e comunicaçã­o. Um grande evento, com o dedo de um dos melhores profission­ais dessa área que é o meu amigo Pedro Rodrigues; uma gestão de comunicaçã­o aprimorada com a mensagem bem trabalhada, visibilida­de positiva e elevado alcance em todos os meios; domínio do candidato excelente do teleponto que não é um ‘bicho’ fácil e logo aqui um cartão de visita de categoria de André Villas-Boas. Porque se há gente de imensa qualidade a trabalhar com ele, numa equipa sólida e unida, o mérito é de quem escolhe e decide. E isso é garantia para os portistas que no futuro não há arranjinho­s nem favorzinho­s para amigos, para aquele emblema só irão servir os melhores. Um sinal inequívoco de competênci­a.

Corajoso porque podia estar a

ganhar milhões a treinar, mas opta por colocar em risco a sua tranquilid­ade familiar para mudar a vida do FC Porto. Coragem muito necessária porque a situação financeira do emblema é catastrófi­ca e os números da venda de Otávio não resolvem. Antecipaçã­o de receitas é hipotecar o futuro e estão quase todas antecipada­s e não há desculpa para entrarem no cofre do clube, em 20 anos, milhares de milhões e se viver numa penúria.

As leis da política (e uma campanha eleitoral numa instituiçã­o desportiva é política) que são as que domino na plenitude, dizem que é sempre difícil derrotar um incumbente, sobretudo quem está incrustado no poder há quatro décadas, onde fez muito pelo FC Porto, o projectou, somando títulos que os adeptos nunca poderão esquecer. Porém, Pinto da Costa perdeu vitalidade, capacidade de se modernizar e está mal rodeado há muito tempo, contudo, não são favas contadas e terá armas para ir a jogo, pois a gratidão é um valor que sedimenta o apoio de muitos portistas. As brechas da sua longeva liderança, nos últimos anos, têm sido tapadas por Sérgio Conceição que é portador da alma do dragão e que teve a sensatez de anunciar que não se envolve neste processo eleitoral, porque um grande treinador não pode ser peão em lutas de poder.

André Villas-Boas foi matador quando usou uma frase de José Maria Pedroto para evidenciar o estado da arte para o qual é um vento de esperança de transparên­cia e dinâmica contra o imobilismo deste ‘status quo’ que alimenta muita gente. Porque é cristalino que a imutabilid­ade é hoje no FC Porto o primeiro passo para a decadência definitiva.

VILLAS-BOAS COLOCA EM RISCO A TRANQUILID­ADE FAMILIAR PARA MUDAR A VIDA DO FC PORTO

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