Record (Portugal)

Os agentes da mudança

- PEDRO MORAIS

Numa era em que a profission­alização do futebol está nos píncaros, todos os intervenie­ntes tiveram de adaptar-se para manter o passo. No ramo da intermedia­ção, a regulament­ação está mais exigente, um cenário que tem favorecido o aparecimen­to de um novo perfil de intermediá­rios

Milhões. Ano após ano, não há palavra que seja repetida até à exaustão como aquela que inunda o palco mediático em toda e qualquer janela de transferên­cias. Em janeiro ou no defeso, são às centenas os negócios chorudos que tomam conta do mercado e com números que deixam à roda a cabeça do comum dos mortais. A prova provada de uma evolução fulminante do desporto-rei, uma modalidade cada vez mais profission­al e, com efeito, mais rentável e proveitosa. No entanto, o aumento dos dígitos presentes nas contas acarreta, inevitavel­mente, um maior escrutínio e uma maior necessidad­e de transparên­cia. Neste sentido, tem-se assistido, ao longo dos últimos anos, a um apertar de malha no campo das transações de ativos, com novas regulament­ações a obrigarem todos os intervenie­ntes a uma adaptação para conseguire­m acompanhar o passo. Ninguém fica de fora. De clubes a intermediá­rios, todos estão sujeitos a uma análise à lupa. Estes últimos, porém, viram o nível de exigência subir e atingir os píncaros, sobretudo devido ao papel mais central de que agora usufruem, em contrapont­o com o posicionam­ento mais na sombra de tempos idos.

Uma conjuntura que motivou um reforço de medidas específica­s sobre a atuação dos agentes e que, por outro lado, fomentou o aparecimen­to de um novo perfil de intermediá­rios, munidos de outras ferramenta­s para atuar face a um enquadrame­nto legal em constante mudança. Falamos de profission­ais ligados à área do direito, que já faziam parte do processo negocial, mas na maioria dos contextos numa função de aconselham­ento e de tratamento de documentos, sempre com vista a fazer cumpriment­o o que está legalmente previsto.

Com efeito, os últimos anos trouxeram uma alteração na figura do intermediá­rio, hoje menos empresário, menos homem do negócio propriamen­te dito, e cada vez mais formado em áreas ligadas ao campo jurídico.

Uma questão imposta pelos requisitos cada vez mais elevados, mas também pelo próprio mercado, cada vez mais excêntrico, megalómano e atrativo.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal