“LUTAREMOS POR TODAS AS PROVAS!”
Aos 48 anos, é o diretor-desportivo do Fenerbahçe, “o maior clube da Turquia”, lembra, que quer recolocar no caminho dos troféus, mas de forma regular. Pressão? Lida com ela e gosta!
O Fenerbahçe venceu o ano passado, a Taça da Turquia, o primeiro título em muitos anos. Esta época, vai em primeiro na liga, que não vence há nove… Qual tem sido o segredo? MÁRIO BRANCO - Já há algum tempo que o Fenerbahçe, infelizmente, está alheado dos títulos. O ano passado tivemos a capacidade de conseguir competir até ao fim, vencendo a Taça da Turquia e lutando taco a taco com o Galatasaray praticamente até final do campeonato, para o vencer, algo que não acontece desde 2014. Este ano, fruto de uma grande confiança da parte do presidente [Ali Koç], uma das pessoas mais proeminentes do futebol turco, tivemos as ferramentas e a capacidade de investir numa equipa com nomes importantes – vamos, por isso, tentar lutar até ao fim pelas quatro competições que ainda nos restam, pois para além do campeonato, temos a Taça da Turquia, estamos nos ‘16 avos’ da Conference League e ainda temos por disputar a Supertaça relativa ao último ano. Não somos um gigante adormecido – somos um gigante. O Fenerbahçe é claramente o maior clube da Turquia, com 35, 40 milhões de adeptos no país e que arrasta multidões aqui e pela Europa fora, pela diáspora turca; é um clube demasiado grande e nove anos sem títulos já é muito.
Ⓡ É o grande objetivo?
MB - É isso que vamos à procura, com todas as nossas forças. Por isso é que construímos uma
“NÃO SOMOS UM GIGANTE ADORMECIDO – SOMOS UM GIGANTE. E CONSTRUÍMOS UMA EQUIPA DE CHAMPIONS!”
equipa com a dimensão deste atual plantel; somos, nas 10 ligas mais importantes da Europa, a equipa com mais golos marcados – 97 em 33 jogos –, com mais hat tricks… Temos um plantel – e modéstia à parte – de Champions, com nomes como Dzeko, Tadic ou Fred, jogadores que jogaram ao mais alto nível...
Ⓡ ...e recentemente chegou mais um, o central Bonucci. MB - Sim, acreditou no nosso projeto… Estamos a tentar munir-nos não só de jogadores, mas também de caráteres de jogadores que tenham vício de vitórias. O mais difícil, por vezes, não é vencer, mas sim fazê-lo consecutivamente. E num clube com a dimensão do Fenerbahçe, não se pode ganhar esporadicamente. O ano passado ganhámos a Taça, mas não é suficiente; este ano temos de lutar nas quatro provas.
Ⓡ No campeonato, o Fenerbahçe e o Galatasaray cavaram um fosso para o terceiro lugar e são hoje os principais candidatos. Como tem sentido a sua equipa? MB - Nós e o Galatasaray estamos claramente mais competitivos que as outras equipas e temos uma distância de 15, 16 pontos, para o terceiro classificado [atualmente o Besiktas], isto ao fim da primeira volta. Mas ainda falta uma volta completa… Penso que estamos no bom caminho, estamos a construir um
plantel para sermos competitivos até ao fim e temos um treinador [Ismail Kartal] muito experiente, que conhece muito bem o clube – foi jogador e treinador aqui em várias ocasiões… E temos de entender a realidade: nos últimos 16 anos, os 16 campeões foram sempre treinadores por um turco, ou seja, parece que há uma pequena ‘maldição’ em relação aos treinadores estrangeiros. Por algum motivo isso acontece e acontece por esta é uma liga muito competitiva, muito difícil de desconstruir… Vemos de fora, parece simples, mas dentro de campo… O Bonucci, que se estreou há pouco tempo por nós, virou-se para mim e disse-o: ‘Mário, quando vemos de fora parece uma coisa, mas lá dentro é completamente diferente’. Estamos em plena janela, já fizemos mudanças e faremos mais uma ou outra para podermos lutar pelas quatro competições, sendo a liga a prioridade.
Ⓡ Voltando a junho de 2022: o que lhe pediram quando assumiu a direção do futebol? Nesta altura, quais deles é que sente que já concretizou?
MB - O ano passado vim, na altura em que também veio o Jorge Jesus e a sua equipa técnica, com funções ligeiramente diferentes do que aquelas que tenho esta época. Era diretor do futebol, estava mais ligado à parte do dia a dia, da organização, até porque o Jorge Jesus vinha de realidades completamente diferentes… Vim com a responsabilidade de organizar o dia a dia da equipa de futebol. Este ano tenho funções mais alargadas, de direção desportiva, que foi a área que sempre exerci. Pediram-me que tentasse construir uma equipa, com a maior capacidade possível de lutar por títulos e fazer do Fenerbahçe campeão. Não existe tempo para mais: este é o último ano do segundo mandato deste presidente, vamos ter eleições no próximo verão e não sabemos se haverá recandidatura. O que me foi pedido foi exatamente isso, otimizar ativos, recrutando elementos que nos ajudassem a recolocar no caminho dos títulos. O objetivo é muito mais imediatista do que a médio prazo. *
“OS ÚLTIMOS 16 CAMPEÕES TIVERAM SEMPRE TREINADORES TURCOS. A LIGA TURCA PARECE SIMPLES, MAS É MUITO DIFÍCIL”